China tem crescimento recorde no 1º trimestre: 18,3% na comparação anual
A taxa recorde de crescimento foi puxada pela depressão induzida pelo coronavírus no início de 2020
AFP
Publicado em 16 de abril de 2021 às 07h02.
Última atualização em 16 de abril de 2021 às 07h25.
Crescimento recorde, mas recuperação desigual. O Produto Interno Bruto (PIB) da China subiu 18,3% em ritmo anual no primeiro trimestre, um dado que deve ser relativizado porque as atividades econômicas foram paralisadas no início do ano passado pela pandemia .
Há um ano, o PIB da China teve queda de 6,8% no primeiro trimestre, o pior resultado econômico em 44 anos.
A melhora progressiva das condiciones sanitárias a partir da primavera (hemisfério norte) de 2020 permitiu que a economia chinesa se recuperasse ao nível pré-pandemia no fim do ano passado. E o país foi um dos poucos que registrou crescimento em 2020 (+2,3%).
"De modo geral, a recuperação prosseguiu no primeiro trimestre", afirmou a porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas, Liu Aihua. O nível registrado é um recorde desde o início da publicação dos resultados trimestrais do PIB da China, em 1992.
A forte aceleração do Produto Interno Bruto da China era previsível. Um painel de analistas consultado pela AFP projetou um resultado ainda maior (18,7%). "As bases da recuperação devem ser consolidadas", advertiu Liu, em referência às "incertezas" persistentes no mundo pela pandemia.
"Recuperação desigual"
O bom resultado se deve principalmente à base de comparação com o início de 2020, quando a economia chinesas estava paralisada pelo vírus, admitiu Liu.
O dado de crescimento "não fornece informações sobre a dinâmica atual da economia", adverte o analista Julian Evans-Pritchard da consultoria Capital Economics.
Apesar das precauções, o resultado oficial do PIB da China provoca muito interesse pelo peso do país na economia global.
"As exportações foram o principal motor do crescimento no primeiro trimestre", em particular de produtos eletrônicos (para o teletrabalho) e de equipamentos médicos aos Estados Unidos e à União Europeia, explicou à AFP o economista Rajiv Biswas, do IHS Markit.
Em março, as exportações chinesas permaneceram sólidas (+30,6% em ritmo anual), quando grande parte do mundo ainda estava muito afetado pela pandemia.
"Mas a recuperação continua sendo desigual, com o consumo das famílias em queda devido ao desemprego", destacou recentemente o analista Qu Hongbin, do banco HSBC.
As vendas no varejo, principal indicador do consumo, subiram 34,2% em ritmo anual em março, contra 33,8% de janeiro-fevereiro (único dado disponível).
Mas alguns setores encontram dificuldades para retomar o nível pré-pandemia, como o transporte aéreo e ferroviário, que alcançam 60% no máximo de suas capacidades.
Incompleto
"A recuperação total do consumo das famílias depende da campanha de vacinação e de uma melhora do mercado de trabalho", afirmou o analista da Oxford Economics Louis Kuijs.
A taxa de desemprego, calculada apenas para as zonas urbanas, foi de 5,3% em março, depois de atingir o máximo histórico de 6,2% em fevereiro de 2020 devido à pandemia.
Mas o quadro está incompleto: o desemprego não leva em consideração os quase 300 milhões de trabalhadores de origem rural, que foram muito afetados no ano passado pela epidemia.
A produção industrial chinesa progrediu em março 14,1% em ritmo anual, contra 35,1% de janeiro e fevereiro em conjunto (único dado disponível).
Os investimentos em capital fixo registraram crescimento de 25,6% desde o início do ano e até março.
Recuperada do impacto da pandemia, a China projeta um crescimento de pelo menos 6% este ano (dado mais modesto que as previsões dos economistas).
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um aumento de 8,4% do PIB da segunda maior economia mundial.