Economia

China lança soja em guerra comercial, mas pode dar tiro no próprio pé

País terá dificuldades para substituir a oferta de soja dos EUA depois de implementar uma tarifa adicional de 25% sobre os embarques norte-americanos

China: soja é considerada uma das armas mais poderosas no arsenal comercial de Pequim (Stringer/File Photo/Reuters)

China: soja é considerada uma das armas mais poderosas no arsenal comercial de Pequim (Stringer/File Photo/Reuters)

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Reuters

Publicado em 4 de abril de 2018 às 10h04.

Pequim - A China terá dificuldades para substituir a oferta de soja dos Estados Unidos depois de implementar uma tarifa adicional de 25 por cento sobre os embarques norte-americanos, provavelmente causando graves problemas financeiros às empresas domésticas, disseram analistas e executivos da indústria de ração animal.

O maior importador mundial de oleaginosas vai impor as tarifas sobre a soja e outros 105 produtos norte-americanos, afirmou a emissora estatal CCTV nesta quarta-feira, em uma esperada retaliação após as ações comerciais agressivas de Washington.

A soja é considerada uma das armas mais poderosas no arsenal comercial de Pequim, porque uma queda nas exportações para a China prejudicaria Iowa e outros Estados agrícolas que apoiaram o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A soja foi o maior item de exportação agrícola dos EUA para a China no ano passado, no valor de 12 bilhões de dólares.

A China compra cerca de 60 por cento da soja comercializada globalmente para alimentar a maior indústria pecuária do mundo. Fábricas esmagam a oleaginosa para fazer farelo --um ingrediente essencial para a alimentação animal.

"Simplesmente não há soja suficiente no mundo fora dos EUA para atender às necessidades da China", disse Mark Williams, economista-chefe para Ásia na Capital Economics.

"Quanto à redução da dependência de importações, existem alguns opções, mas nenhuma tem a mágica de prejudicar osagricultores dos EUA sem gerar custos internamente."

O Brasil forneceu metade das importações de soja da China no ano passado, enquanto os Estados Unidos enviaram cerca de 33 milhões de toneladas, cerca de um terço do total. Substituir essas toneladas dos EUA não será tarefa fácil.

As colheitas na Argentina, terceiro maior produtor mundial, foram atingidas por uma seca, reduzindo as exportações argentinas para menos de 7 milhões de toneladas na temporada 2017/18, a menor em uma década, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Fora do Brasil, dos Estados Unidos e da Argentina, cerca de 17 milhões de toneladas de soja vêm de um punhado de países.

A China cultiva apenas cerca de 14 milhões de toneladas de soja, principalmente para produzir alimentos para consumo humano.

 

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