China aperta o cinto mas mantém investimentos na área social
PEQUIM (Reuters) - A China fará mais investimentos em bem estar da população e atividades rurais, para tentar controlar as fissuras sociais e estimular o crescimento interno, apesar das restrições de gastos após uma fase esbanjadora nos cofres públicos, disse o primeiro-ministro Wen Jiabao nesta sexta-feira. Wen disse ao Parlamento que a economia chinesa […]
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2010 às 10h24.
PEQUIM (Reuters) - A China fará mais investimentos em bem estar da população e atividades rurais, para tentar controlar as fissuras sociais e estimular o crescimento interno, apesar das restrições de gastos após uma fase esbanjadora nos cofres públicos, disse o primeiro-ministro Wen Jiabao nesta sexta-feira.
Wen disse ao Parlamento que a economia chinesa ainda enfrenta uma perspectiva internacional complicada em 2010, e por isso vai manter uma política monetária branda e uma política fiscal ativa, seguindo os parâmetros atuais.
"Não podemos interpretar a virada econômica como uma melhoria fundamental na situação econômica", disse Wen no seu informe anual ao Congresso Nacional do Povo.
Os mercados financeiros pouco reagiram à mensagem, cujo conteúdo já era esperado. Mas analistas notaram que Wen deu mais ênfase ao controle da inflação, mostrando que o governo tenta enxugar o excesso de dinheiro na economia depois do extraordinário "boom" do crédito no ano passado.
Ele também sinalizou que será mantida a cautela com relação ao yuan, reiterando a linguagem-padrão de Pequim, segundo a qual o governo tentará manter a moeda sólida, como faz desde o início da crise global, em meados de 2008, para desgosto de seus parceiros comerciais.
Falando a quase 3.000 delegados reunidos no Grande Salão do Povo, Wen anunciou aumento nos gastos para os cidadãos mais pobres e para os 700 milhões de habitantes da zona rural, num valor que supera o aumento planejado para os investimentos militares.
Ainda assim, o crescimento previsto para os gastos agrícolas e sociais tem um aumento muito inferior ao de 2009, quando a crise financeira estava no auge.
Depois de injetar dinheiro para conter a crise, a China quer reduzir os gastos públicos e os empréstimos concedidos pelos bancos. Mas Wen disse que melhorias no bem estar social, na saúde e nos serviços rurais são necessárias para garantir a saúde econômica do país e o domínio do Partido Comunista sobre uma sociedade cada vez mais fraturada.
A China escapou do pior da crise global ao facilitar o crédito, reduzir juros e investir 4 trilhões de yuans (585 bilhões de dólares) em um programa de infraestrutura no final de 2008.
Por isso, a economia cresceu 8,7 por cento no ano passado, de longe o maior ritmo entre os grandes países, um feito que Wen minimizou.
Para reduzir a disparidade de renda que, segundo economistas, está segurando o consumo interno, o primeiro-ministro anunciou aumento de 8,8 por cento nos gastos militares e de 12,8 por cento nos gastos rurais -- acima do aumento de 7,5 por cento no orçamento militar.