Economia

Cenário político e risco fiscal preocupam o sistema financeiro, mostra BC

Documento do BC mostrou ainda que o risco de liquidez continua apresentando pouca preocupação para o sistema bancário

Banco Central: maior motivo de preocupação do sistema financeiro brasileiro passou a ser o cenário político e o risco fiscal, no lugar de recessão e inadimplência (Ueslei Marcelino/Reuters)

Banco Central: maior motivo de preocupação do sistema financeiro brasileiro passou a ser o cenário político e o risco fiscal, no lugar de recessão e inadimplência (Ueslei Marcelino/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 17 de abril de 2018 às 11h24.

São Paulo - O maior motivo de preocupação do sistema financeiro brasileiro passou a ser o cenário político e o risco fiscal, no lugar de recessão e inadimplência, mostrou o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do Banco Central publicado nesta terça-feira.

No documento, a autoridade monetária informou ainda que o risco de liquidez continua sendo baixo e que os testes de estresse de capital mostraram "aumento da resiliência do sistema bancário" em todos os cenários simulados.

"A preocupação com riscos políticos continuou sua trajetória ascendente, passando a constituir-se no risco mais citado pelas instituições financeiras", escreveu o BC no REF, acrescentando que esse cenário vem do processo eleitoral de 2018.

Segundo o BC, 64 por cento das instituições pesquisadas citaram a cena política como preocupação, enquanto 44 por cento delas citaram o mesmo problema em maio de 2017. Por sua vez, os riscos fiscais foram citados agora por 56 por cento dos bancos pesquisados, "tendo em vista os desafios ainda existentes nessa área".

Segundo o BC, a frequência de citação de fatores relacionados com "inadimplência e recessão" continuou caindo, chegando a 56 por cento em fevereiro deste ano contra 72 por cento em agosto de 2017.

"Essa melhora na percepção é consistente com o processo de recuperação econômica iniciado em 2017... após dois anos de recessão", trouxe o BC.

Nos últimos seis meses, houve deterioração na percepção de risco vindo do cenário internacional, citada por 51 por cento das instituições agora, frente a 28 por cento em agosto de 2017.

Segundo o BC, a principal preocupação era a "retirada dos estímulos monetários nos Estados Unidos e em outras economias avançadas e suas repercussões no sobrefluxo de capitais e no custo de captação de países emergentes".

Os canais de transmissão, mostrou o REF, mais relevantes apontados foram aumento da aversão ao risco e de incerteza, fuga de capitais, depreciação cambial e "downgrade" de crédito.

O documento do BC mostrou ainda que o risco de liquidez continua apresentando pouca preocupação para o sistema bancário e que o mercado mantinha a confiança na capacidade de o sistema financeiro absorver choques.

Além disso, o nível de provisionamento da carteira de crédito permanece adequado ao seu perfil de risco e, segundo o BC, o sistema bancário dispunha de capital robusto, em nível e qualidade, para suportar os riscos assumidos e a retomada da concessão de crédito.

"A perspectiva é de manutenção do baixo risco para o primeiro semestre de 2018", trouxe o documento.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralEleições 2018Política fiscalPolítica no Brasil

Mais de Economia

Reforma tributária: videocast debate os efeitos da regulamentação para o agronegócio

Análise: O pacote fiscal passou. Mas ficou o mal-estar

Amazon, Huawei, Samsung: quais são as 10 empresas que mais investem em política industrial no mundo?

Economia de baixa altitude: China lidera com inovação