Economia

Cenário eleitoral indefinido reforça ainda mais a paralisia da economia

A economia, que já está em marcha lenta, deve se manter em ponto morto até outubro

Economia: a lentidão da economia está evidente em relatórios como o Focus (Mario Tama/Getty Images)

Economia: a lentidão da economia está evidente em relatórios como o Focus (Mario Tama/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de julho de 2018 às 13h36.

São Paulo - Um voo às cegas. É assim que economistas, advogados especializados em negócios e investidores definem a situação atual da economia: a pouco mais de dois meses da eleição, o cenário está tão indefinido que é difícil saber se, a partir de 2019, o Brasil terá um governo de esquerda ou direita, um presidente reformista ou disposto a ampliar ainda mais o tamanho do Estado.

Diante disso, a economia, que já está em marcha lenta, deve se manter em ponto morto até outubro. É uma má notícia, já que reforça a paralisia dos setores, põe investimentos em compasso de espera e pode reduzir ainda mais as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2018.

A lentidão da economia está evidente em relatórios como o Focus, do Banco Central, que reúne a média das previsões para o País. A previsão para o crescimento do PIB, que chegou perto de 3% em fevereiro, caiu consistentemente desde então e hoje está em 1,5%. Embora os dados já mostrem o efeito dos problemas até aqui, a eleição poderá agravar o quadro, segundo o economista Álvaro Bandeira, do Banco Modal. "Acho que podemos cair abaixo disso, ficar em 1% ou 1,2%", afirma. "É um resultado muito ruim, pois fica abaixo do nível necessário para evitar a queda da renda per capita, que é de cerca de 2,5%."

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, também acredita que a eleição poderá ser mais um fator de estresse para a economia. No início do ano, a equipe do banco chegou a projetar cerca de 3% de avanço para o PIB nacional. Neste mês, revisou para baixo suas previsões e já trabalha com um índice inferior à pesquisa Focus, de 1,3%.

A reticência do investidor em tomar decisões é compreensível, na avaliação do advogado especializado em fusões e aquisições Carlos Mello, do escritório Souza, Mello e Torres, uma vez que o cenário político tem hoje a maior indefinição desde a campanha que levou à primeira vitória de Lula, 16 anos atrás.

"Vejo que os empresários brasileiros estão reticentes em fazer associações agora, a se comprometer com resultados ou mesmo em atrair um novo parceiro", diz. "Três fundos estrangeiros procuraram um cliente meu da área de galpões logísticos. Mas ele acha que agora não é a hora de comprar terreno e fazer galpão, de colocar o capital em risco."

Depois de dois anos ruins, o mercado de fusões e aquisições esperava um avanço considerável em 2018 - de 15% ante o resultado do ano passado.

As expectativas, no entanto, já foram frustradas, de acordo com Rogério Gollo, sócio da PwC, que acompanha os negócios fechados entre companhias. De janeiro a maio, houve um crescimento discreto, de 3,3%, em relação ao mesmo período de 2017. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraEconomistasEleições 2018

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor