Economia

Cantina tira tomate do cardápio em protesto contra preço

Os fregueses estão sendo orientados a trocar o filé à parmegiana pelo filé à milanesa, e o tomate não entra nem nas saladas


	O preço do quilo do tomate no atacado chegou a R$ 4,11 em fevereiro, o dobro de valor do ano anterior. Logo após a Páscoa, saltou para R$ 9 no atacado e já chega a R$ 12 nos supermercados
 (Hedwig Storch/Wikimedia Commons)

O preço do quilo do tomate no atacado chegou a R$ 4,11 em fevereiro, o dobro de valor do ano anterior. Logo após a Páscoa, saltou para R$ 9 no atacado e já chega a R$ 12 nos supermercados (Hedwig Storch/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2013 às 09h22.

Sao Paulo - Apesar da larga presença do tomate na culinária italiana - do filé à parmegiana à pizza mussarela, passando pela bruschetta - a tradicional cantina Nello’s, de São Paulo, resolveu banir o vegetal do cardápio.

A mudança radical no menu está explicada em um cartaz na entrada, onde o proprietário, Augusto Melo, manifesta seu protesto contra a inflação. "Em respeito à nossa história, nos recusamos a aceitar a alta exagerada de preços do tomate."

O preço do quilo do tomate no atacado, na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), chegou a R$ 4,11 em fevereiro, o dobro de valor em fevereiro do ano passado. Logo após a Páscoa, saltou para R$ 9 no atacado e já chega a R$ 12 nos supermercados.

"Para uma cantina italiana, esse tipo de situação é extremamente desagradável, mas temos um compromisso com preços justos para a nossa clientela", diz Augusto Melo.

Segundo ele, a caixa de tomates de 20 quilos custa normalmente entre R$ 20 e R$ 35, mas na semana passada chegou a R$ 180 no mercado atacadista. Ele costuma comprar uma tonelada de tomates por semana para servir cerca de 200 refeições por dia durante a semana e 400 aos sábados e domingos.

O proprietário da cantina, que funciona há 38 anos no bairro de Pinheiros, divulgou um manifesto no Facebook com a explicação de que o boicote vai continuar enquanto os preços não voltarem ao normal.

Mais de 500 internautas haviam apoiado o protesto até ontem à tarde. "Nem nos tempos de hiperinflação os preços variavam tanto e de forma tão brusca", desabafa o empresário.


Segundo ele, não existe explicação aceitável para a alta dos preços. "O que mais preocupa é que os preços jamais voltam ao nível anterior depois da elevação", reclama.

Ele contesta a postura do governo Dilma em relação ao assunto: "O governo insiste que devemos trocar um pouco de inflação para termos crescimento, mas preferimos ficar sem mercadoria a repassar um aumento abusivo a nossos clientes".

Os fregueses estão sendo orientados a trocar o filé à parmegiana pelo filé à milanesa, e o tomate não entra nem nas saladas. Segundo Melo, até agora ninguém reclamou.

Ao serem informados dos motivos da falta de tomate, todos concordam e prometem boicotar o produto também nas compras domésticas.

O empresário propõe que todos os consumidores passem a boicotar os preços que estão subindo exageradamente, inclusive na hora de comer fora de casa. Segundo ele, a única forma de evitar a volta da inflação é a população se conscientizar e parar de aceitar abusos.

Feijão. A alta do preço do feijão carioquinha também provocou protesto de outro estabelecimento comercial em São Paulo. O supermercado Joanin, de São Caetano, pôs um aviso na gôndola de cereais orientando os consumidores a escolher outros produtos enquanto os preços não voltam ao normal. Procurada, a rede não se manifestou.

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