Argentina: o país registra desemprego de 10,1% e a pobreza já atinge 32% da população (Gustavo Muñoz/Getty Images)
EFE
Publicado em 12 de agosto de 2019 às 15h06.
Buenos Aires — O candidato a vice-presidente de Juntos pela Mudança, Miguel Ángel Pichetto, companheiro de chapa do presidente Mauricio Macri, que tenta a reeleição na Argentina, disse nesta segunda-feira que a derrota nas primárias de domingo é um "castigo da classe média" e que não esperava um resultado tão baixo.
"É um resultado que tem mais a ver com um componente, talvez, de castigo da classe média, dos setores que tiveram o impacto da desvalorização de 2018 e do ajuste tarifário", assumiu Miguel Ángel Pichetto em declarações ao canal "Todo Notícias".
Nas primárias, as fórmulas a presidente e vice-presidente que superem 1,5% de votos ficam aptas a participar das eleições gerais marcadas para 27 de outubro.
Com a apuração de 98,67% das urnas, o oficialismo de Macri e Pichetto obteve 32,08% dos votos, o que representa 7.824.996 cédulas e 15 pontos de diferença com o partido que saiu vencedor, a Frente de Todos.
Os candidatos peronistas à presidência e à vice-presidência, Alberto Fernández e Cristina Kirchner, respectivamente, tiveram 47,65% do apoio eleitoral, o que equivale a 11.622.020 votos.
Pichetto reconheceu que de modo algum esperava esta diferença de pontos, apesar das demandas e reclamações que a sociedade tinha manifestado.
"É preciso analisar muito bem o voto dos cidadãos. Parece que há uma reclamação da classe média, média-baixa, dos trabalhadores. Isto deve ser analisado com serenidade para realizar uma campanha eleitoral daqui até outubro com responsabilidade", sugeriu Pichetto, após considerar que o Governo vai "continuar trabalhando" e que se comprometerá "fortemente" com a campanha até outubro.
O candidato a vice-presidente lamentou que nesta ocasião sua chapa não teve o apoio do centro do país, área ligada ao setor da produção agroindustrial e que antes "sempre" tinham acompanhado o presidente Macri.
Portanto, considerou que esta reação teve um efeito nos resultados. Além disso, admitiu que Macri ontem "aceitou a derrota".
A taxa de desemprego na Argentina é de 10,1%, um nível que não era registrado desde 2006, e a pobreza afeta mais de 32% da população, 4,7 pontos acima do nível registrado no primeiro semestre do ano passado.
A inflação alcançou 22,4% no primeiro semestre e, segundo analistas, pode chegar a 40% ao final do ano.