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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h37.
Para a economia brasileira alcançar o investment grade a faixa considerada mais segura dentro da classificação de risco de crédito , um longo caminho ainda persiste. Segundo análise da consultoria Tendências publicada nesta segunda-feira (3/1), a despeito de "melhoras significativas" nos últimos cinco anos, os fundamentos da economia brasileira ainda estão aquém dos apresentados por México e Rússia (veja tabela), já classificados como investment grade. A dívida pública, por exemplo, preocupa não apenas pela magnitude (51,7% do Produto Interno Bruto) como pelo perfil, com predomínio de títulos pós-fixados.
Por outro lado, entre 1999 e 2004 houve redução dos passivos externos privados em mais de 30%, de 101,6 bilhões de dólares para 69,5 bilhões. Caso se mantenha o ritmo de 2004, serão amortizados mais 12 bilhões de dólares da dívida do setor privado em 2005. Mas para obter a nota que permite aos grandes fundos internacionais investir em países emergentes, o Brasil precisa neutralizar a percepção dos agentes externos sobre questões normativas e "sinais de fragilidade institucional" da economia brasileira. A Tendências cita como exemplo o "arcaico arcabouço legal" que regula o mercado de câmbio. Outro desafio apontado é a necessidade de maior segurança jurídica no cumprimento dos contratos em setores regulados pelo governo.
Para 2005, uma vez que está superado definitivamente o risco político associado ao governo do PT, a consultoria avalia que o caminho está livre para continuar a implementação das reformas iniciadas na década de 1990, e "principalmente para a desobstrução de gargalos microeconômicos". Com as ressalvas apresentadas, os consultores da Tendências acreditam na melhora consistente do prêmio de risco, que poderia fechar o ano abaixo da média dos países emergentes, atualmente em 350 pontos.
Por que o Brasil ainda não investment grade | |||
Indicadores |
Brasil
|
México
|
Rússia
|
Dívida pública (em % do PIB) |
51,7%
|
24,4%
|
34,8%
|
Dívida externa/exportações |
2,1
|
1,0
|
1,1
|
Dívida externa/reservas |
4,1
|
3,0
|
2,4
|
Saldo em conta corrente/PIB |
2%
|
-1,5%
|
9%
|
Grau de abertura (% do PIB) |
27,1%
|
50,5%
|
54,6%
|
Prêmio de risco |
380
|
200
|
257
|
Fonte: Bloomberg, elaboração Tendências |