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Bush descarta retirada de tarifas para importação de etanol

´Até 2009, estas tarifas permanecerão e lá na frente o Congresso fará algo´, disse

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h44.

Embora a pergunta sobre a tentativa de queda da tarifa cobrada sobre o etanol brasileiro no mercado norte-americano tenha sido feita ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu colega George W. Bush apressou-se em responder: "Isso não vai acontecer (mudanças nas tarifas). Até 2009, estas tarifas permanecerão e lá na frente o Congresso norte-americano fará algo".

Diante da insistência dos jornalistas em saber se Lula havia negociada a redução das tarifas e dos subsídios concedidos aos agricultores norte-americanos pelo governo Bush, o próprio presidente norte-americano tratou de adotar um tom mais ameno, evitando repetir o adjetivo de "nefasto", usado por ele na quinta ao referir-se às taxas.

"Se tivesse esta capacidade de persuasão que você (jornalista que fez a pergunta) acha que eu tenho, quem sabe eu já não teria convencido o presidente Bush de tantas outras coisas que não posso nem falar aqui", respondeu Lula tirando mais uma vez risos da platéia.

Realista, Lula declarou não esperar que uma nação desenvolvida retire mecanismos de proteção ou subsídio somente porque um país mais pobre pede, e insistiu se tratar de uma ação de "convencimento e conversa de amadurecimento". Ao usar a metáfora de um carteado, Lula afirmou que todos os países, em especial os envolvidos nas negociações da OMC, têm cartas na manga e só não as colocaram na mesa porque estas cartas seriam "marcadas" e não poderiam retornar às mãos dos jogadores.

"Eu tenho uma carta na manga, o presidente Bush também tem, assim como os outros países. Só não tem quem não quer jogar, ou que já saiu do jogo, mas nós queremos jogar", justificou.

O presidente brasileiro admitiu que os países têm em mãos os "números secretos" de quanto em volume financeiro envolveria o fim dos subsídios e tarifas de proteção do mercado agrícola da União Européia e dos EUA, bem como quanto representaria uma maior abertura comercial do Brasil e do G-20 para adquirir produtos industrializados das nações desenvolvidas. Por isso, ele disse que é possível buscar um acordo, talvez não o ideal, com base nestes valores e, assim, resolver, pelo menos em parte, os entraves da OMC.

Ao mesmo tempo, ele se recusou a comparar o compromisso de destravar as negociações na OMC com o fracassado processo de criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

"Não é possível comparar a negociação de Doha com a Alca", disse Lula ao lembrar que, em 2002, quando era candidato à presidente fez inúmeros discursos contra a Alca, "assim como todos os outros candidatos a presidência dos países latino-americanos", e, por isso, não quer tratar politicamente a criação da área livre de comércio.

Bush, por sua vez, acompanhou o raciocínio de Lula afirmando que as discussões não deveriam se concentrar no fracasso da Alca e que as discussões de Doha tinham uma razão mais importante para serem bem-sucedidas: a erradicação da pobreza mundial. "Sou realista e sei que a negociação de Doha vai demandar muito trabalho, mas com afinco chegaremos a uma solução", afirmou.

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