Brasil tem que investir nas pessoas, diz Krugman
Prêmio Nobel elogiou investimento em infraestrutura, mas disse que construir fábricas não é o único investimento bom para um país
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2012 às 13h54.
São Paulo – Paul Krugman elogiou o investimento do Brasil em infraestrutura, mas ressaltou que construir fábricas não é o único tipo de investimento que um país pode fazer. “Se dermos um passo para trás e olharmos o Brasil do ponto de vista internacional, houve um fracasso nos investimentos sociais. Educação dos seus filhos é um tipo de investimento e nisso o Brasil está aquém”, disse o vencedor do prêmio Nobel durante o EXAME Fórum .
“O Brasil fez progresso recente, mas se eu dissesse onde tem que investir, seria nas pessoas, nos jovens brasileiros. Muitos estão marginalmente, excluídos, e eles poderiam fazer o país do futuro que vocês querem ter”, afirmou durante debate com Henrique Meirelles, Marcelo Neri, Paulo Guedes e Pedro Parente.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega comentou sobre alguns dos programas de investimento anunciados pelo governo e sobre as medidas de desvalorização do real e de queda na taxa de juros – e destacou os investimentos da Petrobras. “O consumo de petróleo no mundo vai continuar ocorrendo e a Petrobras vai exportar o excedente do que será produzido. Seremos exportadores de petróleo, o que hoje não somos”, disse Mantega.
Krugman afirmou que não conhece com profundidade os projetos brasileiros, mas que esses projetos parecem ser o tipo de coisa que o Brasil deveria fazer. “Já ouvi coisas bem piores, descrições bem piores de políticas do que as que vi agora”, disse Krugman. “O que sempre peço aos EUA, com pouca esperança política, é que tenhamos um conjunto de projetos de infraestrutura, aqui no Brasil o que vi proposto são justamente esses projetos”, afirmou.
Mantega afirmou que a infraestrutura ficou um pouco atrasada em relação ao avanço do PIB então o país precisa enfrentar o grande desafio de tirar esse atraso. “Esse é um bom problema”, afirmou.
Pedro Parente, presidente da Bunge, cobrou mais apoio para o etanol e para os empresários no país. “Quando o governo foca as coisas acontecem, gostaríamos de ver se é possível recuperar essa prioridade em relação ao setor do etanol”, afirmou. Mantega, presente na mesa, disse que o problema é que em períodos de crise o governo tem que atuar em várias frentes ao mesmo tempo. “Eu não consigo fazer mais do que o que estou fazendo”, disse.
Paulo Guedes, CEO da BR Investimentos, defendeu investimentos em educação. “Estamos desarmando essa bomba que são encargos trabalhistas excessivos, educação deveria ser incluída no hall de desoneração”, disse. Para Guedes, o Brasil entrou agora na fase as grandes reformas – e seria importante fazer uma reforma fiscal para descentralizar recursos e atribuições. “Acho que para nossa democracia é essencial a descentralização de recursos fiscais”, disse.
Para Henrique Meirelles, um desafio enorme do Brasil está em, ao longo do tempo, conseguir diminuir os gastos correntes do governo. Meirelles também criticou a elevada carga tributária no país. “O sistema brasileiro taxa tudo que se move”, disse