Economia

Brasil prevê adicionar 19 GW em usinas eólicas e solares até 2026

A perspectiva é que ao final do plano a participação das hidrelétricas, carro-chefe da geração no Brasil, caia para menos de 50% da matriz elétrica

Energia: o plano prevê a contratação de 2,6 gigawatts em novas usinas hídricas (Getty Images/Getty Images)

Energia: o plano prevê a contratação de 2,6 gigawatts em novas usinas hídricas (Getty Images/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 7 de julho de 2017 às 18h19.

Última atualização em 7 de julho de 2017 às 18h23.

O Brasil prevê uma expansão de cerca de 41 gigawatts na capacidade instalada de geração de energia até 2026, com predomínio das usinas eólicas e solares, que deverão responder por quase 19 gigawatts no período, segundo o cenário de referência de um estudo do governo divulgado nesta sexta-feira.

O Plano Decenal de Expansão de Energia 2026, da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), aponta que essa trajetória deverá demandar cerca de 174,5 bilhões de reais em investimentos no período.

A perspectiva é que ao final do plano a participação das hidrelétricas, carro-chefe da geração no Brasil, caia para menos de 50 por cento da matriz elétrica, ante pouco mais de 60 por cento atualmente.

Ainda assim, o plano prevê a contratação de 2,6 gigawatts em novas usinas hídricas, mas com a maior parte dessa capacidade estimada para entrar em operação apenas em 2026, último ano do horizonte de planejamento.

As previsões consideram um crescimento de 3,3 por cento ao ano da carga de energia do sistema brasileiro entre 2016 e 2021, que aceleraria para 3,7 por cento entre 2021 e 2026. Entre 2016 e 2026, a expansão média seria de 3,5 por cento.

Ainda assim, devido à enorme crise econômica brasileira, o país deve chegar ao final de 2026 com uma carga de 91,2 gigawatts médios, contra 94,5 gigawatts médios estimados para o final de 2024 no último Plano Decenal, publicado no final de 2015.

O cenário de referência da EPE prevê a entrada anual de 1 gigawatt em usinas solares por ano entre 2020 e 2026, em um total de 7 gigawatts no período.

Já a expansão eólica deverá começar em 1 gigawatt em 2020 e passar para 1,8 gigawatt anual a partir já de 2021, com cerca de 80 por cento dos empreendimentos no Nordeste e 20 por cento no Sul do país.

Ainda está estimada a contratação de térmicas à gás natural, pouco mais de 1 gigawatt, além de mais de 12 gigawatts em usinas para atender o horário de ponta de consumo no sistema, principalmente no Sudeste e no Sul.

Outros cenários

Mas o plano decenal também traz projeções de cenários alternativos, como um que simula um crescimento mais robusto da economia brasileira e um que considera incertezas da demanda, além de alternativas no caso de grande barateamento das usinas solares ou para o caso de restrição total à construção de novas hidrelétricas, entre outros.

A EPE ainda projetou investimentos em transmissão de eletricidade, que devem alcançar 64 bilhões de reais no período, sendo 42 bilhões de reais em linhas de energia e 22 bilhões de reais em subestações, considerando-se apenas empreendimentos ainda não contratados.

O Plano Decenal ficará em consulta pública até 6 de agosto. O documento aponta também perspectivas para a expansão nos setores de petróleo e gás e combustíveis.

Nucleares e Tapajós

Os estudos da EPE apontam para o início da operação comercial da usina nuclear de Angra 3, da Eletrobras, cujas obras estão paralisadas atualmente, apenas em janeiro de 2026.

Já a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, que tem potencial para ser uma das maiores do país, não consta dos planos, embora o órgão ressalte que o projeto continua no horizonte do governo e poderá ser retomado adiante.

"O processo que envolve essa usina continua sendo acompanhado pela EPE e, solucionadas todas as questões ambientais, ela poderá compor a cesta de oferta candidata à expansão em planos futuros", afirma a EPE sobre o empreendimento, que é alvo de forte resistência de ambientalistas.

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