Economia

Brasil levará ao G20 proposta de ajuda à Europa via FMI

Proposta defende que o país coloque mais dinheiro no fundo para ajudar os países com problemas na crise

O Brasil pretende ajudar a Europa via FMI (Saul Loeb/AFP)

O Brasil pretende ajudar a Europa via FMI (Saul Loeb/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2011 às 16h27.

Brasília - Se for para contribuir financeiramente para a recuperação da Europa, o Brasil prefere fazê-lo aportando mais recursos no Fundo Monetário Internacional (FMI), para que o organismo multilateral transfira o dinheiro por meio de suas linhas tradicionais de empréstimo.

Essa é o ponto de partida dos negociadores brasileiros que participarão na semana que vem da reunião de cúpula do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), na cidade francesa de Cannes.

O Brasil prefere essa forma de atuação por considerá-la mais consolidada do que os outros mecanismos de ajuda que estão sobre a mesa. Além disso, os aportes adicionais ao FMI podem ser transformados em cotas do Brasil na instituição, aumentando seu peso nas decisões do organismo. Foi o que aconteceu com os US$ 10 bilhões que o País aportou no fundo em 2009.

O montante que o Brasil pode emprestar à Europa ainda não está definido, segundo os negociadores. Esse será um dos principais pontos de discussão na reunião do G-20: se o programa de recuperação europeia é consistente, se o apoio dos demais países será apenas político ou se envolverá recursos.

E, nesse caso, quanto cada um colocará. A tendência é que seja uma ajuda coordenada dentro do grupo, a exemplo do que ocorreu em 2009.

O Brasil tem mais simpatia por colocar recursos diretamente no FMI. Além da possibilidade de aumentar cotas, essa forma permite que o dinheiro seja emprestado não só aos europeus, mas a qualquer país que precise de ajuda como consequência da crise.

No entanto, começou a ser discutida a possibilidade de o FMI criar um trust fund e esse, por sua vez, participar da nova sociedade de propósito específico, criada pelos europeus para atrair investimentos.


Essa hipótese não está descartada a princípio pelo Brasil, mas os negociadores têm dúvidas. Por exemplo, quem assumirá o risco da aplicação.

Existe ainda a possibilidade de o Brasil investir diretamente na sociedade de propósito específico europeia. Porém, ainda há muitas dúvidas quanto à sua composição e funcionamento. É uma questão que o Banco Central brasileiro terá de analisar, segundo se comenta no governo.

Quebra de bancos

A reunião do G-20 também abordará outros temas que estão em discussão desde a crise de 2008-2009. Será aprovado um documento com uma lista de 29 bancos cuja atuação é global, e que na crise anterior foram considerados grandes demais para quebrar sem criar problemas para todo o sistema, e por isso os governos precisaram aportar grandes volumes de recursos para salvá-los.

A ideia é criar condições para que eles possam quebrar, se for o caso. Haverá um plano de liquidação para cada um deles, e eles serão revisados a cada ano. Essas instituições terão de seguir exigências de solvência e de capital maiores do que as previstas em Basileia, de forma que elas serão estimuladas a diminuir de tamanho.

Além da ajuda à Europa, a reunião do G-20 deverá ser palco de mais pressões para que a China flexibilize sua moeda. Haverá, também, debates sobre como os países podem fortalecer suas políticas fiscais sem aprofundar a retração econômica.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaCrises em empresasDados de BrasilEuropaFMIUnião Europeia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto