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Brasil crê que acordo UE-Mercosul pode ser assinado em 2016

"Os membros do Mercosul estão juntos, solidários e com grandes expectativas para a troca de ofertas", declarou o ministro da Indústria e Comércio


	Mercosul: "os membros do Mercosul estão com grandes expectativas para a troca de ofertas", declarou ministro
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Mercosul: "os membros do Mercosul estão com grandes expectativas para a troca de ofertas", declarou ministro (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2015 às 08h11.

Brasília - O Mercosul e a União Europeia (UE) podem assinar em 2016 o acordo comercial negociado há duas décadas se trocarem suas ofertas antes do fim deste ano, afirmou o ministro de Indústria e Comércio, Armando Monteiro, à Agência Efe.

"Os membros do Mercosul estão juntos, solidários e com grandes expectativas para a troca de ofertas", declarou o ministro.

"Só estamos esperando uma manifestação da comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, para definir a data em que serão apresentadas as propostas" dos blocos, disse Monteiro em entrevista à Efe.

Mesmo faltando apenas seis semanas para o fim deste ano, ele acredita que a data da troca de ofertas será confirmada em 27 de novembro, quando haverá uma reunião de ministros de comércio europeus, e que será marcada para dezembro.

Segundo o ministro, as "equipes técnicas do Mercosul e da UE acreditam que não há elementos que justifiquem adiar a apresentação das ofertas", mas lembrou se tratar também de uma "questão política, que ultrapassa os aspectos técnicos".

Na sua opinião, o momento é "ideal", e deve ter como incentivo o Acordo de Associação Transpacífico (TPP), negociado entre Estados Unidos, Japão, Austrália, Brunei, Canadá, Chile, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Cingapura e Vietnã.

"Tanto o Mercosul como a UE ficaram de fora do TPP, o que deveria criar um interesse adicional para eles e para nós, pois serviria para reequilibrar um pouco" a posição de ambos os blocos frente a essa nascente e poderosa associação comercial, indicou.

Segundo Monteiro, o TPP "reúne países que representam muito em termos de Produto Interno Bruto (PIB), mas a UE é o maior bloco comercial do mundo e o Mercosul não é nada desprezível".

Monteiro reiterou que a oferta preparada por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, já que a Venezuela, quinto membro do Mercosul, não participa destas negociações, abrange "quase" 90% de todo o universo comercial com a UE.

"Essa taxa já torna viável um acordo", declarou o ministro, que admitiu que "a questão agrícola" se mantém como o ponto mais "sensível e importante" para os países do Mercosul, que aspiram obter maior acesso para seus produtos no mercado europeu.

"Acreditamos que a UE nos apresentará avanços importantes nessa área, que será fundamental para alcançarmos um acordo", embora também pesem as negociações em matéria de compras governamentais e serviços, indicou.

Monteiro também ressaltou que a troca de ofertas somente será o ponto de partida das negociações, mas acrescentou que se as propostas de um e outro lado "estiverem bem estruturadas" e forem ambiciosas, como garantiu que é o caso da do Mercosul, boa parte do caminho estará pavimentado.

"A base das negociações é a oferta e, se for adequada, estaremos muito mais próximos. Demandará alguns meses de discussões, mas já teremos avançado muito", e o acordo comercial poderia ser assinado durante o próximo ano, garantiu.

Os contatos entre os blocos começaram em 1995, quando foi assinado um Acordo Marco Interregional de Cooperação, primeiro passos para as discussões de um acordo comercial, que ganharam um tom formal em 1999, durante a primeira Cúpula UE-América Latina, realizada no Rio de Janeiro.

Desde então a discussão se arrasta sem sucesso, e chegou a permanecer completamente estagnada durante alguns anos.

Apesar dos quase 20 anos sem chegar a uma conclusão, Monteiro garantiu que não peca por excesso de otimismo quem acredita que agora um acordo está realmente próximo. 

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