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Brasil acha inaceitável pedido dos EUA sobre tarifas

Antonio Patriota qualificou como "inaceitável" o pedido dos Estados Unidos para que o Brasil se abstenha de aumentar as tarifas

"Consideramos (a carta) injustificável e inaceitável, tanto no conteúdo como na forma", assegurou Patriota (Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2012 às 20h18.

Brasília - O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota , qualificou nesta sexta-feira como "inaceitável" o pedido do Governo dos Estados Unidos para que o Brasil se abstenha de aumentar as tarifas sobre uma centena de produtos anunciada há duas semanas.

Patriota criticou tanto o pedido dos EUA como o tom da carta em que seu representante (ministro) comercial, Ron Kirk, critica "em termos fortes e claros" a decisão brasileira de aumentar as tarifas.

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"Consideramos (a carta) injustificável e inaceitável, tanto no conteúdo como na forma", assegurou Patriota em entrevista coletiva em Brasília.

Kirk alega na carta que enviou na quarta-feira ao ministério que "medidas protecionistas" como as adotadas pelo Brasil obrigam os "parceiros comerciais a responder com a mesma moeda, o que aumentaria o impacto negativo".

A Chancelaria brasileira já tinha dado resposta na quinta-feira em carta na qual assegurou que, enquanto que Washington se preocupa com "medidas compatíveis com as regras da Organização Mundial do Comércio adotadas pelo Brasil", Brasília está preocupada com a "perspectiva de continuidade dos subsídios ilegais concedidos à produção agrícola americana".

O Ministério de Relações Exteriores alegou igualmente que as medidas foram tomadas para enfrentar a desvalorização artificial de suas moedas promovida por alguns países desenvolvidos, que provocou a entrada ao Brasil de uma "avalanche de mercadorias importadas a preços baixos".


Segundo Patriota, a resposta do Governo brasileiro mostrou "como é inadequada e incongruente a carta (de Kirk) porque se há um país que se beneficiou da ampliação do mercado brasileiro nos últimos anos este foi Estados Unidos".

As exportações dos EUA ao Brasil praticamente dobraram nos últimos quatro anos, ao passar de US$ 18,7 bilhões em 2007 para US$ 34 bilhões em 2011. Nesse período o Brasil subiu do 16º para o oitavo lugar entre os destinos dos produtos americanos.

Patriota acrescentou que as medidas do Brasil são legais, foram aprovadas pelos parceiros do Mercosul e estão previstas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

Disse igualmente que espera que esta divergência entre os dois países se limite à "troca de cartas".

O Brasil anunciou no dia 4 de setembro a alta das tarifas de uma centena de produtos, para um máximo de 25% e em um prazo não superior a 12 meses, para proteger setores da indústria afetados pela crise internacional.

O aumento aconteceu depois que o Mercosul autorizou cada país membro, após estabelecer uma lista de produtos sensíveis para seu mercado, a elevar as tarifas de um máximo de cem produtos até o teto de 35% permitido pela OMC.

Na lista de produtos elaborada pelo Brasil figuram principalmente bens intermediários como equipamentos elétricos, resinas, metacrilato e plásticos, produtos laminados, canos, papel, tijolos e vidro.

A crise internacional afetou a balança comercial brasileira, cujo superávit caiu 34,8% nos primeiros oito meses do ano em relação ao mesmo período de 2011.

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