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Bolsonaro quer reavaliar o Mercosul, diz deputado Orléans e Bragança

Uma proposta em discussão é permitir que os países membros tenham mais flexibilidade para negociar acordos comerciais fora do bloco

Luiz Philippe de Orleans Bragança: deputado afirmou ainda que o problema número um do Brasil se chama Venezuela (Luiz Philippe de Orleans Bragança/Divulgação)

João Pedro Caleiro

Publicado em 17 de outubro de 2018 às 20h10.

Última atualização em 17 de outubro de 2018 às 20h42.

O candidato Jair Bolsonaro (PSL) avalia revisar o funcionamento do Mercosul caso vença a disputa pelo Palácio do Planalto.

Ao contrário da estratégia de Donald Trump para o Nafta, a ideia não é defender e proteger a indústria local, mas expor as empresas a mais concorrência, disseram à Bloomberg News dois assessores do candidato para política externa, entre eles o recém-eleito deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança, do mesmo partido de Bolsonaro.

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Uma proposta em discussão é permitir que os países membros tenham mais flexibilidade para negociar acordos comerciais fora do bloco. Outra é reduzir ou eliminar as tarifas externas comuns do grupo como forma de pressionar as empresas a se tornarem mais competitivas.

Assessoria de imprensa de Bolsonaro disse que as propostas são possíveis e serão avaliadas.

"Vamos estar reavaliando essa relação do Mercosul, se está valendo a pena e se a gente vai adotar acordos bilaterais", disse Luiz Philippe de Orléans e Bragança, herdeiro do último imperador brasileiro. "Hoje o Mercosul é um entrave para o livre comércio", afirmou Orléans e Bragança, acrescentando que vê com suspeição os acordos de bloco e que um possível governo Bolsonaro buscaria acordos bilaterais.

O principal assessor econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, vem se reunindo com um grupo de consultores acadêmicos e financeiros para detalhar iniciativas econômicas e de política externa, de acordo com uma terceira pessoa envolvida nas conversas.

Guedes, economista liberal formado na Universidade de Chicago, também propõe diminuir o tamanho do estado brasileiro e cortar impostos.

O Mercosul, que inclui a Argentina, o Uruguai e o Paraguai, não conseguiu firmar acordos comerciais significativos e está negociando com a União Européia há mais de uma década.

O presidente argentino, Mauricio Macri, também prefere tornar o Mercosul mais ágil e aberto. Macri e Bolsonaro se falaram por telefone na terça-feira, informou a assessoria de imprensa presidencial argentina.

Em entrevista à Bloomberg, o atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, disse que o Mercosul já está em fase de mudança na medida em que os países-membros vão derrubando a maior parte das barreiras internas. Mas Aloysio ressaltou que não será fácil implementar uma tarifa externa mais flexível.

"A abertura comercial abrupta é irresponsável e uma temeridade, pois irá agravar o já dramático quadro do desemprego no Brasil", disse a Fiesp em nota.

Em mais um sinal de uma possível reviravolta na política externa, Bolsonaro pretende transferir os poderes de negociação comercial do Ministério das Relações Exteriores para a equipe econômica.

A Fazenda também incorporaria o Planejamento e o ministério da Indústria e Comércio, de acordo com o segundo assessor, que pediu para não ser identificado.

Caso o capitão da reserva vença a eleição, romperá relações com o governo socialista da Venezuela, abraçará Israel e provavelmente mudará a embaixada do Brasil para Jerusalém, disse seu filho Eduardo Bolsonaro à Bloomberg News na semana passada.

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