Economia

Boletim Focus: Selic ao fim de 2024 continua em 9,00% ao ano

No fim de janeiro, o Copom cortou a Selic pela quinta vez consecutiva em 0,50 p.p., para 11,25% ao ano

Para 2026, a projeção seguiu em 8,50% pela 32ª semana consecutiva (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Para 2026, a projeção seguiu em 8,50% pela 32ª semana consecutiva (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 12 de março de 2024 às 11h12.

Última atualização em 19 de março de 2024 às 08h34.

A expectativa para a inflação deste ano oscilou para cima no Relatório de Mercado Focus divulgado nesta terça-feira, 12. A projeção de 2024 passou de 3,76% para 3,77%. Um mês antes, a mediana era de 3,82%. Para 2025, que também está no foco da política monetária, agora já em maior grau que 2024, a projeção seguiu em 3,51%.

Considerando as 55 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2024 passou de 3,70% para 3,75%. Para 2025, a projeção seguiu em 3,50%, considerando 55 atualizações no período.

Para 2026, a projeção continuou em 3,50% pela 36ª semana consecutiva — seguindo a reancoragem apenas parcial destacada pelo BC após a manutenção da meta de inflação em 3,0% para este e os próximos anos. No horizonte mais longo, de 2027, a estimativa seguiu em 3,50%, como também está há 36 semanas.

Selic

O mercado manteve em 9,00% ao ano a mediana do Relatório de Mercado Focus para Selic no encerramento de 2024 pela 11ª semana consecutiva. Considerando apenas as 43 respostas dos últimos cinco dias úteis, a mediana para o fim de 2024 também seguiu em 9,00% ao ano.

No fim de janeiro, o Copom cortou a Selic pela quinta vez consecutiva em 0,50 p.p., para 11,25% ao ano. O colegiado manteve a sinalização de que o ritmo de corte de 0,50 ponto percentual continua sendo o mais apropriado para as próximas reuniões — no plural. Na coletiva do último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do BC, Roberto Campos Neto, esclareceu que essa mensagem — repetida desde agosto — vale sempre para os dois encontros seguintes a cada reunião. No caso de agora, para março nos dias 19 e 20, e maio.

No encontro do mês passado, o Copom repetiu que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

No Relatório de Mercado Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 8,50%, como já está há 14 semanas. Considerando apenas as 43 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2025 também seguiu em 8,50% ao ano.

Para 2026, a projeção seguiu em 8,50% pela 32ª semana consecutiva. Para 2027, a estimativa também seguiu em 8,50%, onde se mantém por 31 semanas.

Inflação

As estimativas do Relatório de Mercado Focus continuam acima do centro da meta para a inflação, de 3,00%. O IPCA de 2023 ficou em 4,62%, abaixo do teto da meta (4,75%, para um centro de 3,25% no ano passado), evitando o estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022.

O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou no fim de janeiro projeção de 3,5% para o IPCA de 2024, igual à da reunião anterior, de dezembro. Para 2025, também seguiu em 3,2%. O colegiado reduziu a Selic pela quinta vez consecutiva em 0,50 p.p. para 11,25% ao ano.

Projeção suavizada

Os economistas do mercado financeiro reduziram a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses no Relatório de Mercado Focus desta semana, de 3,60% para 3,51%, de 3,77% há um mês.

Em junho do ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva iria editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário.

No dia 20 de outubro, porém, Haddad confirmou que não havia previsão para publicar o decreto que regulamenta a meta de inflação contínua. Como mostrou o Estadão/Broadcast, com a chegada de mais diretores do Banco Central indicados por Lula, o decreto da meta de inflação poderia ser finalmente publicado, o que ainda não ocorreu.

Curto prazo

Os economistas mantiveram as expectativas de inflação de curto prazo no Relatório de Mercado Focus desta terça. A mediana para fevereiro de 2024 seguiu em 0,77%. Há um mês, a expectativa era de 0,70%. Para o IPCA de março, a estimativa continuou em 0,24%, de 0,27% um mês antes. Já para abril, a previsão para o indicador seguiu em 0,35%, ante 0,38% de quatro semanas atrás.

PIB 2024

A mediana para a alta da atividade deste ano passou de 1,77% para 1,78%, ante 1,60% de um mês atrás. Considerando apenas as 35 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2024 passou de 1,80% para 1,90%.

Para 2025, o documento trouxe manutenção na estimativa de crescimento do PIB em 2,00%, como já está há 13 semanas. Considerando as 34 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB de 2025 também seguiu em 2,00%.

Em relação a 2026, a mediana continuou em 2,00% pela 31ª semana consecutiva. O boletim ainda trouxe a estimativa de crescimento para 2027, que se mantém em 2,00% por 33 semanas.

A estimativa do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024 é de 2,2%. Já no Banco Central, a projeção atual é de avanço de 1,7% neste ano, conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro.

Câmbio

O cenário esperado para o câmbio brasileiro ficou estável no Relatório de Mercado Focus desta semana. A estimativa para o câmbio no fim de 2024 seguiu em R$ 4,93, ante R$ 4,92 de um mês antes. Para 2025, a mediana continuou em R$ 5,00, mesmo nível de nove semanas atrás. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

Déficit em C/C

Os economistas do mercado financeiro revisaram a estimativa de déficit em conta-corrente do balanço de pagamentos para 2024 no Relatório de Mercado Focus desta semana. A projeção deficitária passou de US$ 35,50 bilhões para US$ 35,00 bilhões, ante US$ 36,20 bilhões de um mês atrás. Já para 2025, a estimativa de déficit passou de US$ 40,00 bilhões para US$ 38,35 bilhões, ante US$ 40,00 bilhões há quatro semanas.

Em relação ao superávit da balança comercial em 2024, a projeção passou de US$ 80,98 bilhões para US$ 82,00 bilhões, ante US$ 76,45 bilhões há um mês. Para 2025, a mediana passou de US$ 72,05 bilhões para US$ 74,55 bilhões, ante US$ 70,00 bilhões de quatro semanas atrás.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) é mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes.

A mediana das previsões para o IDP em 2024 passou de US$ 68,92 bilhões para US$ 67,00 bilhões. Há quatro semanas, estava em US$ 66,50 bilhões. Para 2025, a estimativa passou de US$ 75,00 bilhões para US$ 73,10 bilhões, ante US$ 74,05 bilhões de um mês antes.

IGP-M

O Relatório de Mercado Focus divulgado nesta terça-feira, 12, pelo Banco Central mostrou nova redução na inflação esperada para o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) este ano. A mediana das expectativas para o IGP-M em 2024 passou de alta de 2,91% para 2,80%. Há um mês, a projeção era de 3,67%.

Para 2025, a estimativa seguiu em 3,80%, ante 3,83% de quatro semanas atrás.

Calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) são bastante afetados pelo desempenho do câmbio e pelos valores dos produtos de atacado, como as commodities.

Acompanhe tudo sobre:Boletim FocusSelicInflaçãoIGP-MCâmbio

Mais de Economia

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor

Opinião: nem as SAFs escapam da reforma tributária