Economia

Boletim Focus: PIB e IPCA sobem, enquanto selic se mantém estável

Veja as projeções semanais do Banco Central para a economia brasileira

Boletim Focus: Veja as propjeções divulgadas nesta segunda-feira, 30 (RafaPress/Getty Images)

Boletim Focus: Veja as propjeções divulgadas nesta segunda-feira, 30 (RafaPress/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de janeiro de 2023 às 09h54.

Última atualização em 30 de janeiro de 2023 às 09h55.

O cenário para a inflação neste e nos próximos anos continuou a piorar no Boletim Focus após questionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à autonomia do Banco Central (BC), ao nível de juros e à meta inflacionária. Pesam ainda os temores fiscais e a surpresa com o IPCA-15 de janeiro, acima da mediana das estimativas do Projeções Broadcast.

A projeção para o IPCA - índice oficial de inflação - deste ano saltou de 5,48% para 5,74%, contra 5,31% há um mês. Para 2024, horizonte que fica cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção também avançou, de 3 84% para 3,90%, de 3,65% há quatro semanas.

Considerando somente as 106 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2023 passou de 5,49% para 5,80%. Para 2024, variou de 3,87% para 3,94%, considerando 100 atualizações no período.

Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e de 2024. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana está acima do centro da meta (3 00%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%.

Na Focus divulgado nesta segunda-feira, 30, a mediana para o IPCA de 2025 continuou em 3,50%, de 3,25% há um mês. Chama atenção ainda a trajetória de alta do IPCA de 2026, que está bem distante do horizonte relevante considerado pelo BC para a política monetária neste momento. A estimativa passou de 3,47% para 3,50% na última semana, contra 3,15% um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.

No Copom de dezembro, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 6,0% em 2022, 5,0% em 2023 e 3,0% para 2024. O colegiado manteve a Selic em 13,75% ao ano pela terceira vez seguida.

Outros meses

Os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para a alta do IPCA de janeiro no Boletim Focus após o IPCA-15 do mês. A mediana passou de 0,50% para 0,55%, de 0,53% há um mês.

Para o IPCA de fevereiro, a estimativa saltou de 0,70% para 0 79%, contra 0,70% um mês antes. Já para março, a previsão para o indicador avançou levemente, de 0,57% para 0,58%. Era de 0,46% há quatro semanas.

A expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses subiu de 5,42% para 5,63%, de 5,30% há um mês.

Selic no fim de 2023 continua em 12,50%, projeta Focus

Na semana do 1º Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de 2023, o Boletim Focus mostrou a manutenção para as expectativas da taxa Selic no fim de 2023, 2024 e 2025, mas aumento para o encerramento de 2026.

A mediana para o fim de 2023 continuou em 12,50% ao ano, enquanto para o término 2024 ficou em 9,50%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,25% e 9,00%, nessa ordem.

Considerando apenas as 78 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 permaneceu em 12,50%. Para o fim de 2024, variou de 9,38% para 9,75%, com 77 atualizações na última semana.

Para o fim de 2025, conforme o Boletim Focus, a mediana para a Selic permaneceu em 8,50%, contra 8,00% de quatro semanas antes. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que avançou de 8,25% para 8,50%, de 8,00% há um mês.

No Copom de dezembro, o BC manteve pela terceira reunião consecutiva a taxa Selic em 13,75% ao ano. A autoridade monetária também reforçou o alerta fiscal, citando que há "elevada" incerteza sobre o futuro do arcabouço para as contas públicas.

Recentemente, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, contemporizou as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à autonomia do órgão, dizendo que "em muitas entrevistas as coisas são tiradas de contexto", mas defendeu a autonomia como redutora da volatilidade nos mercados.

Focus mostra aumento marginal de crescimento do PIB em 2023, de 0,79% para 0,80%

O Boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 30, mostrou aumento marginal no cenário de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. A mediana para a alta do PIB em 2023 passou de 0,79% para 0,80%, mesmo porcentual de um mês antes. Considerando apenas as 54 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023 passou de 0 79% para 0,82%.

Apesar de não ter sido divulgado ainda, o PIB de 2022 não faz mais parte do Boletim. Para 2024, o Relatório Focus mostrou estabilidade na perspectiva de crescimento do PIB em 1,50%, mesma projeção de um mês atrás.

Para 2025, a mediana cedeu marginalmente de 1,90% para 1,89%, repetindo a taxa de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa para 2026, que está em 2,00% há 46 semanas.

As projeções para a dívida pública e o déficit primário em 2023 continuaram a mostrar leve melhora no Boletim Focus após o anúncio das primeiras medidas econômicas para amenizar o rombo primário estimado para este ano.

Segundo a lei orçamentária aprovada, o déficit primário previsto para 2023 é de R$ 231,5 bilhões, mas a equipe econômica apresentou um conjunto de medidas com potencial de ajuste de R$ 242,68 bilhões. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, porém, que trabalha com um rombo primário entre R$ 90 bilhões e R$ 100 bilhões em 2023.

No Relatório de Mercado Focus, a projeção de déficit primário passou de 1,11% para 1,10% do PIB na última semana, de 1,20% quatro semanas antes.

Em relação ao resultado nominal, porém, houve piora. A mediana deficitária passou de 8,35% para 8,45% do PIB este ano. Há um mês, a mediana era negativa em 8,60% do PIB.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Em relação ao indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2023, a estimativa arrefeceu de 61,60% para 61,40% do PIB, de 61,95% há um mês.

Balança comercial

Os economistas do mercado financeiro reduziram a estimativa para o superávit da balança comercial em 2023 no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira.

A projeção superavitária variou de US$ 58,00 bilhões para US$ 57 60 bilhões, contra US$ 58,00 bilhões há um mês. Para 2024, a mediana foi mantida em US$ 52,40 bilhões, de US$ 53,00 bilhões há quatro semanas.

Em relação à estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos, a mediana deficitária para 2023 continuou em US$ 46,00 bilhões, de US$ 47,10 bilhões um mês atrás.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes este ano. A mediana das previsões para o IDP em 2023 permaneceu em US$ 80,00 bilhões mesmo valor esperado há quatro semanas.

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