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Boato sobre impeachment atrapalha controle da inflação

A crise política está ameaçando tornar a tarefa do Banco Central de conter a inflação ainda mais difícil

Alexandre Tombini, presidente do Banco Central: os juros básicos da economia estão agora no nível mais alto desde 2006 (Denis Balibouse/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2015 às 16h37.

A crise política no Brasil está ameaçando tornar a tarefa do Banco Central de conter a inflação ainda mais difícil.

O Comitê de Política Monetária do BC sinalizou no mês passado que havia terminado as elevações das taxas de juros deste ano, mas um número crescente de traders agora está apostando na possibilidade de que serão necessários mais aumentos para frear a escalada dos preços ao consumidor.

A mudança ocorre em meio a um otimismo menor de que a presidente Dilma Rousseff poderá cumprir as promessas de reduzir o gasto do governo e reforçar as finanças do país em um momento em que sua base aliada está se desintegrando e seu índice de aprovação caindo a recordes de baixa.

Na semana passada, o Congresso aprovou um grande aumento nos gastos.

Ao mesmo tempo, uma investigação de corrupção e as acusações de que seu governo manipulou contas fiscais do ano passado deram impulso aos pedidos de impeachment de Dilma, provocando uma corrida para venda da moeda que poderá acelerar a inflação.

“As expectativas de inflação começaram a ficar desancoradas novamente”, disse André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual Cctvm SA, com sede em São Paulo. “O BC pensou que havia feito o suficiente. Agora ele vê que pode influenciar a realidade, mas não pode controlá-la”.

A Moody’s Investors Service reduziu o rating da dívida do Brasil para a beira do grau especulativo na terça-feira, segundo rebaixamento desde que Dilma assumiu a presidência em 2011.

Desaceleração econômica

Há pouco tempo, no dia 4 de agosto, os traders apoiavam totalmente as apostas de que a desaceleração econômica havia acabado com a possibilidade de mais aumentos da taxa de juros neste ano.

Naquela semana, o BC disse no dia 6 de agosto que a manutenção da taxa básica no nível atual, de 14,25 por cento, seria suficiente para trazer a inflação para a meta no ano que vem.

Agora, a negociação de swaps mostra que o mercado está dividido sobre se as taxas permanecerão no lugar ou se subirão 0,25 ponto porcentual na reunião do mês que vem.

Sob o comando de Alexandre Tombini, o conselho do BC elevou os custos dos empréstimos em um total de 3,25 pontos porcentuais em suas últimas sete reuniões.

Os juros básicos da economia estão agora no nível mais alto desde 2006.

Apesar das condições monetárias mais estritas, a inflação continuou acima de sua meta anual de 4,5 por cento e subiu em todos os meses deste ano.

Os analistas consultados pelo BC no dia 7 de agosto elevaram sua projeção para a inflação do ano que vem pela primeira vez em 20 semanas, para 5,43 por cento.

Expectativas prejudicadas

As expectativas de inflação foram prejudicadas durante uma semana tumultuada no Brasil, na qual dois partidos anunciaram sua separação da base aliada e a Câmara dos Deputados se opôs ao governo e aprovou um projeto de lei para aumentar os gastos com os salários dos funcionários públicos. Um número crescente de parlamentares disse também que estava buscando iniciar processos de impeachment contra Dilma.

O real desvalorizou 2,5 por cento na semana passada, para R$ 3,5072 por dólar, a maior queda entre as principais moedas, e os investidores expressaram o temor de que a crise política perturbe o esforço de Dilma pela redução de gastos.

O real fechou a R$ 3,4743 na terça-feira.

“Se eles decidirem aprovar projetos que aumentam os gastos e colocam em risco a consolidação fiscal, o BC terá que elevar as taxas”, disse Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados.

A assessoria de imprensa do BC não respondeu a um pedido de comentário a respeito do potencial impacto da turbulência do Congresso na política monetária.

Os dois principais comunicados do conselho do BC desde sua última reunião, nos dias 28 e 29 de julho, indicaram que o banco manteria os juros em 14,25 por cento sem novas altas.

Contudo, os membros do conselho deixaram algum espaço para flexibilidade ao dizerem na ata do Copom que iriam “permanecer atentos a mudanças significativas”.

Segundo Jankiel Santos, economista-chefe do banco de investimento BESI Brasil, a agitação da semana passada pode ser justamente a mudança de que o BC precisa para continuar aumentando as taxas.

“As incertezas estão aumentando e o BC deixou claro que agirá se necessário”, disse ele.

São Paulo - A inflação de junho foi divulgada hoje pelo IBGE e veio cheia de más notícias. A taxa do primeiro semestre, a maior desde 2003, já ultrapassou de longe o centro da meta (e quase chegou no teto) para todo o ano. No acumulado de 12 meses, ficamos próximos de 9%. Apesar da piora neste ano, o mercado espera que 2016 terá o maior processo de queda do índice em 20 anos. A cesta de produtos do IBGE é composta de forma a reproduzir os hábitos de compra do brasileiro. Alimentação e Bebidas é responsável por cerca de um terço do índice, e itens como gasolina e aluguel tem grande importância.   Isso significa que alta e impacto no índice final não são equivalentes. A energia e os jogos de azar tiveram altas similares em 2015, mas o impacto da primeira no IPCA foi mais de 6 vezes maior. Veja a seguir quais foram os 10 itens que mais subiram em 2015 e qual foi o impactos no IPCA deste ano e do acumulado de 12 meses. Quando necessário, os números foram arredondados:
  • 2. Energia elétrica

    2 /12(Stock.xchng)

  • Veja também

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  • 3. Gasolina

    3 /12(AFP)

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    Alta nos últimos 12 meses11%
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  • 4. Ônibus urbano

    4 /12(Rafael Neddermeyer/ Fotos Publicas)

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  • 5. Refeição fora de casa

    5 /12(REUTERS/Marko Djurica)

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  • 6. Cursos regulares

    6 /12(Thinkstock/TongRo Images)

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  • 7. Produtos farmacêuticos

    7 /12(Marcos Santos/USP Imagens)

    Alta no ano6%
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    Alta nos últimos 12 meses6%
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  • 8. Aluguel residencial

    8 /12(Divulgação/VivaReal)

    Alta no ano4%
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    Alta nos últimos 12 meses8%
    Impacto nos últimos 12 meses0,36 p.p.
  • 9. Trabalho doméstico

    9 /12(serezniy/Thinkstock)

    Alta no ano4%
    Impacto no ano0,18 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses9%
    Impacto nos últimos 12 meses0,37 p.p.
  • 10. Jogos de azar

    10 /12(Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas)

    Alta no ano47%
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    Alta nos últimos 12 meses47%
    Impacto nos últimos 12 meses0,18 p.p.
  • 11. Cebola

    11 /12(Marcos Santos/USP Imagens)

    Alta no ano148%
    Impacto no ano0,18 p.p.
    Alta nos últimos 12 meses142%
    Impacto nos últimos 12 meses0,18 p.p.
  • 12 /12(Getty Images)

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