Caminhoneiros: a linha vai ser inicialmente distribuída pelo Banco do Brasil e pela Caixa e posteriormente para todos os demais bancos (Andre Coelho/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de abril de 2019 às 11h25.
Última atualização em 16 de abril de 2019 às 13h16.
Brasília — Para evitar uma nova greve dos caminhoneiros, o governo federal anunciou nesta terça-feira (16) uma série de medidas para aprimorar o trabalho da categoria.
Dentre elas está a abertura de uma linha de crédito do BNDES para caminhoneiros autônomos no valor de 500 milhões de reais e o investimento de 2 bilhões de reais em rodovias.
O recurso do crédito será restrito a aqueles que têm até dois caminhões por CPF e deve atingir o valor de 30 mil reais para cada motorista. O objetivo é oferecer meios para a compra de pneus e manutenção dos veículos.
Em entrevista coletiva, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que a linha vai ser inicialmente distribuída pelo Banco do Brasil e pela Caixa e posteriormente para todos os demais bancos e cooperativas de crédito para "permitir que o autônomo tenha acesso a esse importante instrumento".
A nova linha foi discutida na segunda-feira (15) no Palácio do Planalto, com o presidente do BNDES, Joaquim Levy. O BNDES informou que o benefício está sendo desenhado em parceria e coordenação do Ministério da Economia.
Os detalhes da operação ainda estão em discussão, mas o BNDES garantiu que não haverá subsídio. Segundo o banco de desenvolvimento, as condições serão compatíveis com a receita dos caminhoneiros e adequadas à capacidade dos bancos que vão distribuir na ponta o financiamento do banco.
O foco é dar mecanismo para os caminhoneiros preservarem o ativo que compraram com o financiamento feito lá atrás. O banco destaca que um caminhão bem tratado dura muitos anos e é amortizado com ganho para o caminhoneiro e segurança para o emprestador e os que estão nas estradas.
O BNDES informou que está focando os instrumentos que já dispõe para dar uma resposta efetiva e transparente a uma situação real de preservação de investimento feito com "sacrifício" dos caminhoneiros.
O banco diz que é um "órgão de Estado e implementador de políticas públicas" e, por isso, responde de forma técnica às necessidades da sociedade e objetivos do governo".
O governo federal vai investir os 2 bilhões de reais para melhorar as estradas e tentar reduzir o número de acidentes entre os caminhoneiros. De acordo com Onyx, as chuvas intensas do verão, aliadas ao transporte rodoviário, prejudicaram estradas em todo o país.
"Historicamente, há muitos anos nós não tínhamos chuvas tão intensas e tão difusas no Brasil. Nós já não tínhamos uma manutenção das rodovias brasileiras", afirmou o ministro da Casa Civil.
Outra medida, que já foi anunciada anteriormente e agora confirmada, é o Cartão Caminhoneiro. De acordo com Tarcísio de Freitas, ministro da Infraestrutura, o motorista poderá comprar diesel antecipado para não se prejudicar com a volatilidade dos preços.
"O cartão está sendo analisado e será distribuído pela Petrobras", explicou Freitas. Segundo ele, há um carinho do governo federal para a categoria dos transportadores.
Ao ser questionado por jornalistas sobre a política do governo para o preço do diesel, Onyx afirmou que o tema será tratado em reunião nesta terça entre o presidente Jair Bolsonaro, a equipe econômica e representantes da Petrobras.
"Vai haver uma reunião agora à tarde, que já está anunciada, entre o presidente, o Ministério da Economia, outros ministérios e a Petrobras, que vão discutir esse tema. Agora, o governo sempre disse que a Petrobras tem a autonomia e a liberdade para exercitar aquilo que é necessário do ponto de vista de política de combustível", disse o ministro.
A empresa perdeu R$ 32 bilhões em valor de mercado em um único dia; a atitude evocou períodos do governo Dilma Rousseff em que o preço era congelado para ajudar a conter a inflação e a empresa tinha que absorver as perdas.
O governo também disse que a tabela do frete, reivindicação dos caminhoneiros atendida como forma de conter a greve do ano passado mas atualmente envolvido em disputas judiciais, está em estudo.
"Estamos considerando absolutamente todas as variáveis que custam ao caminhoneiro, desde o peso do produto até o valor do combustível", disse o ministro da Infraestrutura, que acrescentou que a tabela deve ser anunciada em breve.
O tabelamento do frete é criticado por economistas e por membros do governo, como a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, por trazer ineficiências e aumento do custo para os agricultores.