BNDES: Analistas acham difícil que banco de fomento atinja meta de desembolso estabelecida para 2019 (Sergio Moraes/Reuters)
Reuters
Publicado em 31 de julho de 2019 às 18h11.
Rio de Janeiro — O BNDES provavelmente não vai cumprir neste ano a meta de desembolsos de 70 bilhões de reais, após um fraco resultado no primeiro semestre, em que consultas de interessados em financiamentos do banco de fomento desabaram quase à metade em relação ao visto um ano antes, disseram duas fontes com conhecimento do assunto.
No primeiro semestre, os empréstimos do banco somaram 25 bilhões de reais, uma queda de 9 por cento ante igual período de 2018. As consultas por empréstimos, um termômetro do nível de demanda e de futuros desembolsos, caíram 49 por cento. Em anos anteriores, o BNDES já chegou a emprestar em 12 meses mais de 140 bilhões de reais.
"Impossível fazer 70 bilhões. Se fizer 60 bilhões leva as mãos para o céu", disse à Reuters uma das fontes. "A economia não está rodando e ainda tem muito crédito disponível na praça", acrescentou.
Procurado, o BNDES não se manifestou sobre o assunto. A meta de 70 bilhões foi divulgada em maio pelo então presidente do banco Joaquim Levy, que havia dito na ocasião que ela poderia ser até revista para cima nos meses seguintes.
No ano passado, o banco de fomento emprestou pouco mais de 69 bilhões de reais, um dos desempenhos mais fracos em quase 20 anos.
Pesquisa Focus do Banco Central, apontou nesta semana para crescimento de 0,82 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019.
No segundo semestre deste ano, de acordo com a segunda fonte, os financiamentos do BNDES vão ser puxados pelo setor de infraestrutura, onde o governo tem se empenhado em fazer leilões e concessões de projetos logísticos e de energia elétrica. "Esses são os dois setores que vão puxar", disse a fonte, que também classificou como "desafiador" o atingimento de 70 bilhões de reais em desembolsos em 2019.
Historicamente, as liberações dos recursos do BNDES aceleram na segunda metade de cada ano, em especial no último trimestre. "Fazer (70 bilhões de reais em desembolsos) será muito desafiador, mas não impossível. Mas temos que reconhecer: é um esforço grande", disse a segunda fonte.
O novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, assumiu o cargo esse mês e estabeleceu como metas venda de participações do banco em grandes empresas.
"Diante dessa realidade de baixa demanda (por crédito) está claro que é hora de devolver recursos ao Tesouro. A hora é essa e não dá para deixar passar muito tempo para isso e para venda de algumas participações. Petrobras e Vale devem ser as primeiras", disse a segunda fonte.
Montezano se comprometeu em meados deste mês completar neste ano a devolução de 126 bilhões de reais já prometidos ao Tesouro, por empréstimos que o banco recebeu nos governos petistas para sustentar seus programas de fomento. Após o pagamento de 40 bilhões de reais feito no primeiro semestre, ainda restam 86 bilhões, disse ele na ocasião.