Rio de Janeiro - O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou hoje (3) que fará mudanças nas regras de definição de taxas e prazos de empréstimo.
As modificações estão previstas nas novas políticas operacionais do banco, que serão detalhadas em breve.
Um dos objetivos é reduzir a dependência do BNDES em relação a aportes financeiros governamentais.
O anúncio foi feito pelo presidente do BNDES, Luciano Coutinho, em entrevista coletiva na sede da instituição. “Estamos com proposta para ampliar a participação de fontes de mercado, com participação menor de TJLP [taxa de juros de longo prazo] em todas as linhas [de financiamento]”, disse Coutinho.
Segundo ele, a revisão das condições das linhas de financiamento está pronta, mas depende de aprovação do governo federal. Coutinho explicou que, como a maior parte dos desembolsos previstos para 2015 já foi contratada, os aportes governamentais ainda serão importantes.
A expectativa é que a necessidade de financiamento do Tesouro Nacional seja reduzida a partir de 2016.
Coutinho ressaltou que haverá aumento da taxa de juros dos empréstimos, mas será compatível com a viabilidade dos projetos.
“O objetivo não é inviabilizar os investimentos, mas atender à orientação da política econômica e, ao mesmo tempo, de maneira adequada, cumprir a missão de financiar o setor privado.”
O Ministério da Fazenda autorizou hoje aporte de R$ 30 bilhões para o BNDES atender à demanda de crédito contratada este ano.
Entre janeiro e outubro deste ano, o banco desembolsou R$ 146,6 bilhões em financiamentos, praticamente o mesmo valor do mesmo período do ano passado.
Sobre a possibilidade de permanecer no comando do BNDES no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, Coutinho disse apenas que a prerrogativa de escolha é da chefe do governo.
Ele acrescentou que, para retomar o crescimento econômico, é essencial recuperar a confiança. “Uma das pré-condições para retomada da confiança é o fortalecimento fiscal”, concluiu.
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1. Nem só de Vale vive o BNDES
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1/11 (Divulgação)
São Paulo – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ganhou destaque nas últimas semanas, ao ser o principal representante do governo federal na Vale, a segunda maior mineradora do mundo. Por meio do BNDESPar, seu braço de participação em empresas, o banco é a voz do governo na articulação da queda de Roger Agnelli da presidência da Vale. Com 6,7% das ações ordinárias e 5,4% do capital total da empresa, o BNDESPar se alinhou aos fundos de pensão de estatais, que também participam do controle da Vale. Embora seja uma das empresas mais vistosas de seu portfólio, a Vale não é a que possui maior participação do BNDES. A atuação do banco é mais forte em outros setores, como energia e carnes. Confira, a seguir, as empresas onde o banco tem maior peso.
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2. CEG, privatizada, mas com presença do BNDES
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2/11 (Pedro Rubens)
A CEG, distribuidora de gás do Rio de Janeiro, foi privatizada em julho de 1997. Na ocasião, o governo federal obteve 430 milhões de dólares com sua venda ao grupo espanhol Gás Natural. Mesmo assim, o BNDESPar conta com uma participação remanescente de 34,56% no capital total da empresa. Em 2009 (últimos dados disponíveis), a CEG contava com quase 747.000 cliente sem 16 municípios do Rio de Janeiro, dos quais, 735.000 eram usuários residenciais.
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3. Brasiliana, herança das dívidas da AES
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3/11 (Caio Coronel)
A Brasiliana Energia foi criada em 2003, com o objetivo de reestruturar as dívidas que a americana AES possuía com o BNDES – à época, a cifra era de 1,2 bilhão de dólares. A Brasiliana é uma holding que assumiu o controle dos ativos da AES no Brasil, como a AES Tietê, Eletropaulo e Uruguaiana. Hoje, o BNDES detém 49,99% das ações ordinárias da empresa, o equivalente a 53,85% do capital total.
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4. Fibria e a criação de multinacionais brasileiras
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4/11 (Ricardo Teles)
A Fibria foi criada em setembro de 2009, a partir da fusão da Aracruz e da Votorantim Celulose e Papel (VCP). A formação da empresa contou com forte impulso do BNDES, seguindo a estratégia do governo de criar grandes multinacionais brasileiras. Para tanto, o BNDESPar assumiu o controle da operação. Na época, o banco detinha 34,9% da Fibria, deixando o Votorantim com 29,3%. Em troca, o BNDES liberou 2,4 bilhões de reais para que o Votorantim pudesse comprar a Aracruz. Atualmente, o banco possui 30,45% das ações ordinárias da empresa, maior produtora de celulose de eucalipto do mundo.
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5. Copel, intenção inicial era desestatizar a empresa
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5/11 (NANI GOIS)
O BNDESPar entrou para o quadro de controladores da Copel (Companhia Paranaense de Energia) em 1998, quando assinou um acordo de acionistas com o governo paranaense, dono da empresa. Na época, o objetivo era preparar a empresa para ser privatizada, dentro do Programa Nacional de Desestatização. Desde que assinou o acordo, o BNDES possui 26,41% das ações ordinárias da Copel e 21,21% das preferenciais, o que corresponde a 23,96% do capital total da empresa.
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6. Rede Energia conta com 21% nas mãos do BNDES
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6/11 (NANI GOIS)
A Rede Energia atua na distribuição, geração e venda de energia em sete estados, com maior presença no Centro-Oeste e no Norte. A empresa foi criada em 1985. Entre aquele ano e 1998, a companhia adquiriu cinco concorrentes. Hoje, atende 16,5 milhões de habitantes em 578 municípios. A Rede Energia é controlada pela Empresa de Eletricidade Vale Paranapanema, com 79% das ações ordinárias. O BNDES não possui papéis com poder de voto na companhia. Sua participação é de 67,09% das ações preferenciais, o que equivale a 21,02% do capital total.
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7. JBS ganha impulso para aquisições com BNDES
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7/11 (Leonardo Colosso/Divulgação)
O JBS tornou-se a maior processadora de carne bovina do mundo, graças a um agressiva política de aquisições lançada na última década. Além dos recursos do IPO, realizado em maio de 2007, o JBS sempre contou com a ajuda do BNDES para fechar seus negócios. Além de subscrever a emissão de debêntures, o banco detém 17,54% das ações ordinárias do JBS. Como a empresa é listada no Novo Mercado da Bovespa, isso equivale também a 17,54% do capital total. Recentemente, porém, a relação com o BNDES trouxe mais dor de cabeça do que alívio. O JBS fechou 2010 com prejuízo líquido de 264 milhões de reais. Parte do mau desempenho foi atribuído ao pagamento de 521 milhões de reais em prêmio aos debenturistas (incluindo o BNDES) por não abrir o capital de sua subsidiária americana no prazo previsto.
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8. Paranapanema, uma herança da Caraíba Metais
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8/11 (Germano Lüders)
A Paranapanema é a maior produtora de metais não ferrosos do Brasil. O BNDES detém 17,23% das ações ordinárias da empresa, equivalentes também à mesma proporção do capital total. A participação do banco na Paranapanema é uma herança de outro negócio fechado há bem mais tempo. Em 1974, o então BNDE (sem o esse de Social) comprou a Caraíba Metais por 1 bilhão de dólares. A Caraíba foi, posteriormente, repassada pelo BNDES para a Paranapanema, mas o vínculo nunca mais se desfez. Em 1996, a companhia, em decadência após a morte de seu fundador, Octávio Lacombe, foi comprada por um grupo de fundos de pensão liderado pela Previ, dos funcionários do Banco do Brasil.
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9. Eletrobrás tem 15% em poder do BNDES
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9/11 (Eduardo Knapp)
A estatal Eletrobrás, que atua na geração e transmissão de energia, entre outros, conta com 15,20% de participação do BNDESPar no seu capital total. O BNDES também conta com uma fatia direta de 7,30% no capital total. Assim, entre seu braço de participações e investimento direto, o banco possui 22,50% da Eletrobrás. Parte das ações em poder do BNDESPar vieram de uma capitalização promovida pelo Tesouro Nacional em 2009. Na operação, o BNDES recebeu um total de 4,4 bilhões de reais em recursos do governo federal. A maior parte desse capital veio na forma de ações, como as da Eletrobrás. Antes da capitalização, o BNDESPar detinha 11,9% da estatal.
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10. Light, mais uma compra do BNDES para evitar o apagão
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10/11 (Bia Parreiras)
No início dos anos 2000, as distribuidoras enfrentavam problemas de caixa, devido ao rombo causado pelo racionamento de energia. Em 2003, o BNDES lançou um programa para salvar o setor. A linha de crédito ficou disponível por dois anos, mas apenas a fluminense Light, controlada pela francesa EDF, buscou ajuda. O banco aportou 727 milhões de reais na Light, por meio da compra de debêntures. O BNDES exigiu que a EDF também injetasse dinheiro próprio. Em troca, o banco prometeu converter debêntures em aços, na proporção de 2 reais de debêntures para cada real que a EDF injetasse na Light. Atualmente, o BNDES detém 15,02% das ações ordinárias da empresa, correspondente também a 15,02% de capital total.
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11. Marfrig, outra aposta do BNDES no agronegócio
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11/11 (Divulgação)
A participação do BNDES no Marfrig seja a mesma lógica do JBS – criar multinacionais brasileiras em setores onde o país é competitivo. Segundo maior frigorífico do Brasil, o Marfrig conta com 13,89% de participação do BNDES em suas ações ordinárias, e o mesmo tanto sobre o capital total. O último grande apoio dado pelo BNDES ao Marfrig foi no segundo semestre do ano passado. O frigorífico emitiu 2,5 bilhões de reais em debêntures conversíveis. O dinheiro foi usado para pagar a aquisição da Keystone Foods, fechada em maio do ano passado. Segundo o Marfrig, a maior parte das debêntures foi subscrita pelo BNDES.