Economia

Bloqueio de caminhoneiros pode afetar movimentação de soja em MT

Paralisação dos caminhoneiros preocupa por causa da necessidade de escoamento da safra 2018/19 do produto antes da chegada do milho

Soja: 30% do produto de Mato Grosso ainda precisa ser retirada do Estado (Paulo Whitaker/Reuters)

Soja: 30% do produto de Mato Grosso ainda precisa ser retirada do Estado (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de maio de 2018 às 15h51.

São Paulo - O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antônio Galvan, disse ao Broadcast Agro (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) que a paralisação dos caminhoneiros é "preocupante" por causa da necessidade de escoamento da safra 2018/19 de soja antes da chegada do milho, mas o efeito das elevações do diesel sobre o frete também desperta temores para os produtores.

"A paralisação é preocupante, sem sombra de dúvida. Tem bastante soja para ser retirada", disse. "Mas o aumento sucessivo de fretes está saindo do valor do produto. Caminhoneiro não consegue se adaptar à mudança de preço diária do diesel."

Segundo o presidente da Aprosoja-MT, 30% da soja de Mato Grosso ainda precisa ser retirada do Estado, sendo que 20% da safra ainda não foi negociada pelos produtores. "Precisaria de espaço para o milho", disse. Conforme Galvan, os produtores apoiam os caminhoneiros contra aumentos nos combustíveis.

"A única coisa não compactuamos é a tabela de frete porque isso não resolve e quem pagaria a conta somos nós. Para os pleitos sobre o valor do combustível, somos solidários."

Com relação ao milho, o efeito da greve dos caminhoneiros é limitado porque a colheita ainda não começou na maioria das áreas produtoras mato-grossenses, segundo Galvan.

"Praticamente nada foi colhido. Só um ou outro que tem algum compromisso de entrega que começou a colher. Produtores do Estado devem colher mesmo em junho, mais uns 10 dias para frente."

Conforme o presidente da associação, em Mato Grosso, no primeiro dia, a paralisação ainda é bem incipiente, com poucos pontos de bloqueio. "Acreditamos que isso vai aumentar no decorrer da semana se o governo não revisar seu posicionamento."

A Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) pediu ao governo medidas diante do aumento do diesel nas refinarias e dos impostos que recaem sobre o combustível.

A associação pede que o governo zere a carga tributária sobre operações com óleo diesel e também a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a receita da venda interna de óleo diesel a ser usado pelo transportador autônomo de cargas.

Segundo ele, outra preocupação da Aprosoja-MT é o estado de conservação da BR-163 rumo aos portos do Arco Norte, tanto em trechos asfaltados como não asfaltados. Uma equipe da Aprosoja vai percorrer a partir de terça-feira trecho de Sinop (MT) a Miritituba (PA) para fazer um diagnóstico dos trechos mais críticos e pedir ao governo "providências urgentemente".

"O caminhão está levando de 30% a 40% mais tempo para fazer uma viagem na rodovia do que fazia no ano passado."

Conforme Galvan, o tráfego não chega a ser interrompido como ocorreu em 2017, mas os veículos de carga não conseguem desenvolver velocidade. "Perdem muito tempo e gastam mais combustível."

Acompanhe tudo sobre:CaminhoneirosGrevesMato GrossoSoja

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto