Economia

BCE anuncia fim de compra de títulos com juros estáveis até meados de 2019

O Banco Central Europeu decidiu, nesta quinta-feira, encerrar o programa de compra de títulos de 2,55 trilhões de euros no final do ano

Mario Draghi: presidente do banco se recusou a dar mais detalhes sobre o momento de um movimento nos juros (Ints Kalnins/Reuters)

Mario Draghi: presidente do banco se recusou a dar mais detalhes sobre o momento de um movimento nos juros (Ints Kalnins/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 14 de junho de 2018 às 11h12.

Última atualização em 14 de junho de 2018 às 17h28.

Riga/Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira que vai encerrar o programa de compras de títulos até o final do ano, seu maior passo no encerramento do estímulo da época da crise uma década após o início da desaceleração econômica da zona do euro.

Mas em um anúncio equilibrado que reflete as incertezas que pairam sobre a economia da região, o BCE também sinalizou que a medida não significará um rápido aperto da política monetária ao acrescentar que a taxa de juros permanecerá em mínimas recordes "pelo menos até o verão de 2019 (no hemisfério norte) e por quanto tempo for necessário".

A nova orientação sobre os juros levou o euro a recuar mais de 1 por cento ante o dólar. Os mercados esperavam um aumento de 0,1 ponto percentual na taxa de depósito do BCE, atualmente em -0,4 por cento, até junho de 2019.

O presidente do banco, Mario Draghi, se recusou a dar mais detalhes sobre o momento de um movimento nos juros durante coletiva de imprensa após a decisão.

"Não discutimos quando elevar os juros", disse ele.

"Esta decisão foi tomada na presença de uma economia forte, com crescente incerteza", disse ele sobre um cenário político caracterizado principalmente pelo aumento das tensões comerciais entre os Estados Unidos, a Europa e a China.

O BCE também reduziu sua previsão de crescimento da zona do euro para este ano de 2,4 para 2,1 por cento, ao mesmo tempo em que elevou sua estimativa para a inflação de 1,4 para 1,7 por cento, em grande parte como resultado do aumento dos preços do petróleo.

"Este é um balanço muito fino - um pouco mais 'hawkish' em relação ao programa de estímulo, mas 'dovish' com as taxas - que Mario Draghi espera que mantenha os mercados sob controle", disse Neil Wilson, analista-chefe de mercado da Markets.com.

Embora a normalização completa da política monetária demore anos, os investidores já estão preparados para o fim do dinheiro fácil dos bancos centrais do mundo. O Federam Reserve retirou na quarta-feira a promessa de estímulo da época da crise enquanto o BCE há havia começado a reduzir o suporte após cinco anos de crescimento econômico.

O BCE explicou que o ritmo mensal de compras de ativos será reduzido pela metade, a 15 bilhões de euros, de setembro até o final de dezembro de 2018, ponto no qual as compras irão acabar.

Ao definir uma data específica para o fim do estímulo, o BC está dando um passo mais decisivo do que quando o banco central dos EUA iniciou sua própria redução em dezembro de 2013. Na época, o Federal Reserve não se comprometeu com um fim específico ou qualquer medida subsequente.

A maior complicação seria um cenário econômico obscuro devido à guerra comercial em desenvolvimento, um desafio populista do novo governo da Itália e a redução da demanda por exportações.

Acompanhe tudo sobre:BCEEuroEuropaJuros

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor