Economia

BC tem de permanecer vigilante sobre inflação, diz Tombini

Recente alta nos preços de alimentos tende a ser um choque temporário, segundo Tombini


	Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini: "Não há o que se falar de vulnerabilidade ou fragilidade da economia brasileira"
 (Valter Campanato/ABr)

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini: "Não há o que se falar de vulnerabilidade ou fragilidade da economia brasileira" (Valter Campanato/ABr)

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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2014 às 16h14.

Brasília - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou nesta terça-feira que a autoridade monetária trabalha para levar ainflação à "trajetória de metas", que os efeitos da política monetária são cumulativos e se mostram com defasagens, e que é preciso continuar "especialmente vigilante" neste processo.

Segundo ele, que participou de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado, a recente alta nos preços de alimentos tende a ser um choque temporário e que a política monetária deve agir para que esse movimento se limite ao curto prazo. Tombini repetiu ainda que a inflação ainda mostra resistência e "tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se antecipava".

"Somem-se a isso pressões localizadas que ora se manifestam, especialmente no segmento de alimentos in natura. Em princípio, trata-se de um choque temporário e que tende a se reverter nos próximos meses. Mesmo assim, a política monetária deve atuar de modo a garantir que os efeitos desse choque se circunscrevam ao curto prazo", afirmou o presidente do BC.

Tombini basicamente repetiu as indicações já dadas pelo BC sobre a condução da atual política monetária, cujo aperto começou em abril passado, quando a Selic estava na mínima histórica de 7,25 por cento. Hoje a taxa básica de juros está em 10,75 por cento ao ano.

Ele também disse que parte significativa dos efeitos do atual ciclo de aperto ainda não se materializou.

Para boa parte dos agentes econômicos, o BC ainda deverá fazer mais uma elevação na taxa básica de juros em abril, de 0,25 ponto percentual, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne novamente.

Muito questionado por senadores sobre os preços persistentemente altos, o presidente do BC avaliou que "não há nada que nos condene a ter uma inflação acima da meta", reafirmando que a autoridade monetária continua perseguindo o centro do alvo.

A meta do governo é de 4,5 por cento pelo IPCA, com intervalo de tolerância para cima ou para baixo. Em fevereiro, o indicador subiu 0,69 por cento, um pouco acima do esperado, e chegando a 5,68 por cento no acumulado em 12 meses.


Durante a audiência, Tombini também foi questionado sobre os efeitos do cenário ruim do setor elétrico neste ano sobre a inflação, afetado pelo encarecimento dos custos da energia decorrente do acionamento das usinas térmicas.

O presidente do BC disse que a autoridade monetária já relatou em seus documentos oficiais que para este ano a inflação de preços administrados está projetada em 4,5 por cento.

Vulnerabilidade X Volatilidade

Tanto em sua apresentação quanto em suas respostas aos senadores, Tombini afirmou, por várias vezes, que a atual volatilidade nos mercados internacionais, inclusive no Brasil, não deve ser confundida com vulnerabilidade. Ele defendeu que o país tem fundamentos sólidos, como elevadas reservas internacionais.

"Com todos esses sólidos fundamentos, não há que se falar em fragilidade ou vulnerabilidade da economia brasileira", afirmou Tombini, citando ainda que nos oito primeiros dias úteis de março entraram mais de 4,6 bilhões de dólares em Investimento Estrangeiro Direto (IED), em renda fixa e em carteira no Brasil.

Ele defendeu que a economia mundial está em transição, que há um processo de realinhamento de preços relativos que aumentou a volatilidade nos mercados financeiros internacionais. E que o Brasil tem respondido a isso "forma clássica, técnica".

"Estamos apertando a política monetária para fazer a inflação convergir para a trajetória de metas. A taxa de câmbio tem flutuado, atuando como primeira linha de defesa contra 'choques externos'", acrescentou.

Sobre a política fiscal, Tombini afirmou que ela está convergindo para posição de neutralidade do ponto de vista estrutural, ao mesmo tempo em que o país fez progressos no controle fiscal.

A fim de recuperar a confiança e evitar rebaixamento do rating brasileiro pelas agências de risco, o governo anunciou nova meta de superávit primário para 2014 de 99 bilhões de reais, equivalente a 1,9 por cento para o setor público consolidado (governo central, Estados, municípios e estados).

Atualizado às 16h12min do mesmo dia, para adicionar mais informações.

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