A expansão tende à moderação no país; crédito encerrou o ano passado com crescimento de 11,3%, quando a autoridade monetária previa alta de 12% (Arquivo/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 25 de março de 2015 às 13h23.
Brasília - O Banco Central (BC) reduziu de 12% para 11% a projeção de crescimento do estoque das operações de crédito para 2015. O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, informou sobre a mudança na previsão hoje (25), em entrevista para comentar o comportamento do crédito em fevereiro.
Segundo dados da autoridade monetária, no mês passado as operações de crédito somaram R$ 3,026 trilhões, crescendo 0,5% em relação a janeiro e 11% no período de 12 meses.
Segundo Tulio Maciel, os motivos para a redução são as percepções quanto à atividade econômica e à demanda por crédito. Há algum tempo, o BC vem destacando que a expansão do crédito tende à moderação no país. O crédito encerrou o ano passado com crescimento de 11,3%. A autoridade monetária previa alta de 12%.
A previsão para expansão do crédito livre, modalidade em que os bancos podem emprestar livremente os recursos, também foi reduzida, de 7% para 6%. Já as projeções para evolução do crédito direcionado, modalidade em que os empréstimos seguem regras estabelecidas pelo governo, foram mantidas em 16%. Em 2014, o crescimento dessa modalidade foi 19,6%. "Há uma desaceleração, que já está sendo observada", destacou Tulio Maciel.
Ele também divulgou previsões para o estoque das carteiras de crédito dos bancos públicos e privados. Para os primeiros, está mantida estimativa de expansão de 14%, contra crescimento de 16,7% no fim de 2014. Para os bancos privados nacionais, a projeção de alta caiu de 9% para 7%. No caso dos bancos privados estrangeiros, foi mantida em 7%.
O chefe do Departamento Econômico do BC comentou ainda o crescimento nas taxas de juros para pessoas físicas, que atingiram 54,3% ao ano em fevereiro, maior patamar desde o início da série histórica do BC, em março de 2011. Segundo ele, o movimento "reflete o próprio aumento da taxa Selic [taxa básica de juros da economia, que está em 12,75% ao ano]".
Tulio Maciel ponderou, no entanto, que a série histórica que serve como base de comparação é nova, pois desde o mês passado o BC mudou a metodologia de cálculo.
"Temos essa série mais curta. Obviamente, já tivemos episódios com taxas [de juros] maiores do que essa. Na séria antiga, em 2005, [a taxa] chegou a mais de 60%", comentou.
Uma das principais mudança na metodologia para cálculo dos dados sobre crédito e juros foi a incorporação das taxas do cartão de crédito, que antes não eram consideradas.