Copom: BC deve sinalizar que estratégia tem resultado na desaceleração da economia ( Raphael Ribeiro/BCB/Flickr)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 06h00.
O Comitê de Política Monetária (Copom) inicia nesta terça-feira, 8, a reunião que deve manter a taxa de juros inalterada em 15% ao ano pela quarta vez consecutiva.
Segundo economistas consultados pela EXAME, a expectativa é de que o juro seja mantido e que o comitê dê indicativos sobre o início do ciclo de cortes de juros.
Na reunião de novembro, tanto o comunicado como a ata da reunião do Copom, o BC manteve o tom duro e não deu pistas sobre quando o início do ciclo de cortes da Selic começará.
Em declarações recentes, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem repetido que o cenário segue inalterado e que não há expectativa de mudanças na condução da política monetária no curto prazo.
As apostas são o que cenário macroeconômico permita o início do corte da Selic em janeiro ou em março.
Segundo Luis Felipe Vital, Estrategista-chefe de Macro e Dívida Pública da Warren Investimentos, o comunicado não deve apresentar uma mensagem explícita sobre as próximas decisões, mas dar indicativos sobre os próximos passos uma vez que a economia está em processo de desaceleração e a inflação em convergência para meta.
"Ao reconhecer a evolução positiva do cenário a partir da moderação da atividade e inflação e ressaltar o seu modo dependente de dados, o BC deve pavimentar o caminho para uma possível flexibilização já na reunião de janeiro 2026, dando início a um ciclo de cortes bastante gradual ao longo do ano", afirmou Vital em comunicado.
A previsão da Warren é que o ciclo de corte comece em janeiro de 2026 com uma redução de 25 pontos-base, seguido por quedas entre 25 e 50 bps e encerrando o ano com a Selic em 12,25% — patamar que ainda se configura como restritivo.
Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú BBA, afirmou em relatório que desde a última reunião o conjunto de informações reforçou o cenário de moderação da atividade, com o PIB do terceiro trimestre confirmando desaceleração e um consumo mais fraco.
Na última semana, o IBGE divulgou que o PIB do Brasil cresceu apenas 0,1%, uma desaceleração em comparação com o segundo trimestre.
"O comitê deve indicar que a estratégia atual tem se mostrado adequada, mas enfatizar a necessidade de paciência e serenidade, com passos futuros condicionados à evolução dos dados de atividade, inflação, expectativas e projeções", afirmou.
Mesquita disse ainda que a sinalização sobre os próximos passos deve permanecer flexível, sem o compromisso explícito com o início do ciclo de cortes, mas reconhecendo que ajustes poderão ser feitos conforme o cenário evolua.
A expectativa do banco é o início aconteça em janeiro de 2026, com redução de 0,25 p.p., levando a Selic para 12,75% a.a. ao longo do ano.
"Para que isso se concretize, será importante que o comitê ajuste a comunicação na reunião de dezembro, eliminando o trecho que afirma que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste, caso julgue apropriado” e qualificando em que estágio o referido “período bastante prolongado” se encontra", disse.
O economista cita que ainda existe um risco de postergação do início do ciclo de cortes por uma surpresa positiva na atividade ou no mercado de trabalho, ou uma taxa de câmbio mais depreciada.
Os economistas do C6 Bank avaliam que o Comitê pode sinalizar uma melhora no cenário prospectivo para a inflação, reconhecendo os avanços, mas ainda preservando um tom de cautela. Por isso, a instituição espera que o ciclo ocorra apenas em março.
"Nossa expectativa é de que o ciclo de cortes da Selic comece em março, com a taxa de juros terminando 2026 em 13%", afirmou.