São Paulo, 2 de julho (portal EXAME) - O Banco Central tornou mais fácil para os bancos comprar dólares, numa tentativa de aumentar a demanda -e as cotações- da moeda americana. Para isso, a autoridade monetária anunciou nesta quarta-feira (2/7) que reduziu o capital exigido dos bancos para realizar operações cambiais. Segundo informou Sérgio Darcy, diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro à Agência Brasil, o BC tomou essa decisão porque o câmbio vem oscilando menos nos últimos meses.

Darcy disse que o fator de cálculo da exigência [de capital dos bancos para comprar dólares] foi de 1,0 para 0,50. Ele lembrou que o fator foi criado em 1999, quando era de 0,50. Depois, passou para 0,33 em março de 2000 e subiu para 0,50 em setembro de 2001. Em outubro de 2002, o BC elevou duas vezes o fator em função da forte oscilação da moeda americana.

A decisão anunciada na quarta-feira cancela uma barreira que o BC havia imposto aos bancos no ano passado, quando o temor com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva aumentou muito a demanda por dólares. Naquele momento, para tornar mais caras e difíceis as compras especulativas, o BC determinou que os bancos teriam de reservar uma parcela de seu capital equivalente às posições de compra da moeda americana.

Na prática, o Banco Central obrigava os bancos a tirar parte do capital necessário a lastrear suas operações corriqueiras de concessão de crédito, reduzindo assim o fôlego do sistema financeiro para especular com o dólar. Na época, a decisão do BC foi considerada tecnicamente inteligente, pois diminuía a demanda por dólares sem gastar reservas do governo nem aumentar a dívida pública indexada ao dólar.

A decisão anunciada na quarta-feira permite que os bancos tenham mais fôlego para especular com a compra de dólares, o que pode ajudar a sustentar as cotações. Desde o início do ano, o dólar já recuou de 3,533 para 2,818 reais, uma queda de 20,2%. Embora essa baixa diminua a pressão sobre os preços e facilite o combate à inflação, ela também torna mais difícil ao Brasil aumentar suas exportações.

Como as empresas brasileiras estão captando dólares em profusão no mercado internacional (só nos dois primeiros dias do segundo semestre chegaram mais de 600 milhões de dólares), não há perspectivas de forte alta do câmbio nos próximos meses. Com a medida, o BC espera tornar mais fácil aos bancos comprar dólares e sustentar a taxa de câmbio em um patamar que não seja nem inflacionário nem uma barreira á exportação.