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BC eleva Selic para não perder controle sobre inflação em 2006

Banco Central já demonstra receio de a alta do petróleo no mercado internacional contaminar o preço dos derivados no Brasil

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h11.

"Cabe à política monetária manter-se vigilante para evitar que pressões detectadas em horizontes mais curtos se propaguem para horizontes mais longos." A frase, expressa na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), resume a estratégia cautelosa do Banco Central (BC) e traz embutida a admissão de que, neste ano, a batalha já está perdida (clique aqui para ler a íntegra da ata).

Apesar de ainda trabalhar com a hipótese de 0% de reajuste nos derivados do petróleo, o Copom deixa claro no documento seu receio com a alta da commodity no exterior. "O BC já demonstra um temor razoável com o que acontece com o petróleo no mercado internacional", diz Teresa Fernandez Dias da Silva, sócia da consultoria MB Associados. Ou seja, a hipótese do Copom de a gasolina não sofrer um aumento nos próximos meses pode ser contrariada em breve, com graves conseqüências.

Além disso, o BC chama atenção para a persistência de focos localizados de pressão na inflação (como, por exemplo, a estiagem no Sul, afetando preços agrícolas no atacado, e as tarifas de ônibus urbanos) e para a possibilidade de "permanência de condições voláteis" nos mercados internacionais de capitais (com altas mais vigorosas dos juros básicos da economia americana). As duas situações são vistas como fatores que aumentaram os riscos para o processo de convergência da inflação à meta.

Teimosia conveniente

O motivo que faz a autoridade monetária insistir em manter o cenário de 0% de correção no preço da gasolina, segundo Teresa, é que a admissão de qualquer elevação, por menor que seja, imediatamente jogaria a projeção de inflação de 2005 para bem perto do teto de 7%. "E ainda é muito cedo para isso, mal chegamos ao mês de maio", diz a economista.

Com base nos dados macroeconômicos do primeiro trimestre, a consultoria Tendências preferiu não esperar para divulgar uma revisão de suas projeções. Agora, prevê um IPCA de 6,6% em 2005 (bem perto do teto); de 5,9% nos próximos 12 meses; e de 5,3% em 2006 -- bem fora do centro da meta, de 4,5%. Para a Tendências, a política monetária deverá se manter restritiva por mais tempo diante da deterioração do quadro inflacionário, tanto para o ano-calendário quanto para o periodo de 12 meses.

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