Exame Logo

Ata do Copom destaca incertezas sobre economia mundial

O BC repetiu que irá adotar as medidas necessárias para circunscrever a inflação aos limites de tolerância em 2016

Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini: na semana passada, o BC manteve a Selic em 14,25 por cento ao ano (REUTERS/Guadalupe Pardo)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2016 às 08h43.

Brasília - Marcada pela polêmica sobre uma possível interferência do Palácio do Planalto, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária ( Copom ) traz uma mudança nas justificativas do grupo majoritário de diretores do colegiado, que votou mais uma vez pela manutenção da Selic em 14,25% ao ano.

A ata foi divulgada na manhã desta quinta-feira, 28.

Agora, os membros que prevaleceram argumentaram que as incertezas em relação ao cenário externo se ampliaram, com destaque para a crescente preocupação com o desempenho da economia chinesa e seus desdobramentos, além da evolução de preços no mercado de petróleo.

O grupo majoritário - composto pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e pelos diretores Aldo Mendes, Altamir Lopes, Anthero Meirelles, Luiz Feltrim e Otávio Damaso - justificou os votos pela manutenção da Selic considerando que a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas, sobretudo mais recentemente, justifica continuar monitorando a evolução do cenário macroeconômico para, então, definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.

Para esse grupo, faz-se necessário acompanhar os impactos das recentes mudanças nos ambientes doméstico e externo no balanço de riscos para a inflação, o que, combinado com os ajustes já implementados na política monetária, pode fortalecer o cenário de convergência da inflação para a meta de 4,5%, em 2017.

Na ata anterior, esses mesmos membros apenas consideraram monitorar a evolução do cenário macroeconômico até a reunião seguinte do colegiado.

Já o grupo minoritário - composto novamente pelos diretores Sidnei Marques e Tony Volpon - votou novamente pela elevação da Selic em 0,5 ponto porcentual para 14,75% ao ano.

Esses membros do colegiado voltaram a argumentar que seria oportuno ajustar, de imediato, as condições monetárias, de modo a reduzir os riscos de não cumprimento dos objetivos do regime de metas para a inflação, e acrescentaram que a elevação da Selic reforçaria o processo de ancoragem das expectativas inflacionárias.

Ou seja, pode-se interpretar que, para esses diretores, o cenário externo pode vir a ser um problema, mas a inflação já é um problema que precisa ser atacado com mais força.

IPCA

Com o mercado financeiro totalmente desacreditado de que o Banco Central conseguirá entregar a inflação deste ano abaixo do teto de 6,50%, a ata do Copom divulgada na manhã desta quinta informou que a projeção de inflação no cenário de referência aumentou ante a reunião anterior e se situa acima do centro da meta de 4,5%.

O BC não divulga qual a taxa prevista na ata, mas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro, a autoridade monetária revelou que a estimativa estava em 6,2% para o fim deste ano pelo cenário de referência.

No RTI, a probabilidade estimada pela instituição de a inflação ultrapassar o limite superior da meta em 2016 subiu de 20% para 41% para esse cenário.

No caso em que o BC usa variáveis de mercado para desenhar seu cenário, a estimativa da autoridade monetária também aumentou, continuando acima do centro da meta. No RTI, por esses mesmos parâmetros, a previsão do BC estava em 6,3% para este ano.

No mesmo documento, a chance de estouro da meta neste caso foi calculada em 43% pela autoridade monetária ante 22% da edição anterior.

As informações foram divulgadas nesta manhã por meio da ata do Copom da semana passada, que manteve a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. A decisão, pela segunda vez consecutiva, não foi unânime (6x2), com membros do colegiado votando pela alta imediata da Selic em 0,50 ponto porcentual.

A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e está em 4,5% para este ano e também para 2016 e 2017. Em 2017, a margem de tolerância será reduzida dos atuais 2 pontos porcentuais (pp) para cima ou para baixo para 1,5 pp.

No Relatório de Mercado Focus da última segunda-feira, 25, a mediana das estimativas dos analistas para o IPCA de 2016 subiram para 7,23%. No caso do Top 5, a mediana das expectativas para a inflação do ano se situou em 7,92%.

A ata ressalta que o cenário de referência leva em conta manutenção da taxa de câmbio em R$ 4,00 e Selic em 14,25% ao ano.

No documento anterior, o BC trabalhava com a cotação do dólar em R$ 3,80. Já o cenário de mercado considera estimativas para câmbio e juros de analistas de mercado às vésperas do encontro da diretoria para definir o rumo da Selic.

Texto atualizado às 9h43.

Veja também

Brasília - Marcada pela polêmica sobre uma possível interferência do Palácio do Planalto, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária ( Copom ) traz uma mudança nas justificativas do grupo majoritário de diretores do colegiado, que votou mais uma vez pela manutenção da Selic em 14,25% ao ano.

A ata foi divulgada na manhã desta quinta-feira, 28.

Agora, os membros que prevaleceram argumentaram que as incertezas em relação ao cenário externo se ampliaram, com destaque para a crescente preocupação com o desempenho da economia chinesa e seus desdobramentos, além da evolução de preços no mercado de petróleo.

O grupo majoritário - composto pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e pelos diretores Aldo Mendes, Altamir Lopes, Anthero Meirelles, Luiz Feltrim e Otávio Damaso - justificou os votos pela manutenção da Selic considerando que a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas, sobretudo mais recentemente, justifica continuar monitorando a evolução do cenário macroeconômico para, então, definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.

Para esse grupo, faz-se necessário acompanhar os impactos das recentes mudanças nos ambientes doméstico e externo no balanço de riscos para a inflação, o que, combinado com os ajustes já implementados na política monetária, pode fortalecer o cenário de convergência da inflação para a meta de 4,5%, em 2017.

Na ata anterior, esses mesmos membros apenas consideraram monitorar a evolução do cenário macroeconômico até a reunião seguinte do colegiado.

Já o grupo minoritário - composto novamente pelos diretores Sidnei Marques e Tony Volpon - votou novamente pela elevação da Selic em 0,5 ponto porcentual para 14,75% ao ano.

Esses membros do colegiado voltaram a argumentar que seria oportuno ajustar, de imediato, as condições monetárias, de modo a reduzir os riscos de não cumprimento dos objetivos do regime de metas para a inflação, e acrescentaram que a elevação da Selic reforçaria o processo de ancoragem das expectativas inflacionárias.

Ou seja, pode-se interpretar que, para esses diretores, o cenário externo pode vir a ser um problema, mas a inflação já é um problema que precisa ser atacado com mais força.

IPCA

Com o mercado financeiro totalmente desacreditado de que o Banco Central conseguirá entregar a inflação deste ano abaixo do teto de 6,50%, a ata do Copom divulgada na manhã desta quinta informou que a projeção de inflação no cenário de referência aumentou ante a reunião anterior e se situa acima do centro da meta de 4,5%.

O BC não divulga qual a taxa prevista na ata, mas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro, a autoridade monetária revelou que a estimativa estava em 6,2% para o fim deste ano pelo cenário de referência.

No RTI, a probabilidade estimada pela instituição de a inflação ultrapassar o limite superior da meta em 2016 subiu de 20% para 41% para esse cenário.

No caso em que o BC usa variáveis de mercado para desenhar seu cenário, a estimativa da autoridade monetária também aumentou, continuando acima do centro da meta. No RTI, por esses mesmos parâmetros, a previsão do BC estava em 6,3% para este ano.

No mesmo documento, a chance de estouro da meta neste caso foi calculada em 43% pela autoridade monetária ante 22% da edição anterior.

As informações foram divulgadas nesta manhã por meio da ata do Copom da semana passada, que manteve a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. A decisão, pela segunda vez consecutiva, não foi unânime (6x2), com membros do colegiado votando pela alta imediata da Selic em 0,50 ponto porcentual.

A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e está em 4,5% para este ano e também para 2016 e 2017. Em 2017, a margem de tolerância será reduzida dos atuais 2 pontos porcentuais (pp) para cima ou para baixo para 1,5 pp.

No Relatório de Mercado Focus da última segunda-feira, 25, a mediana das estimativas dos analistas para o IPCA de 2016 subiram para 7,23%. No caso do Top 5, a mediana das expectativas para a inflação do ano se situou em 7,92%.

A ata ressalta que o cenário de referência leva em conta manutenção da taxa de câmbio em R$ 4,00 e Selic em 14,25% ao ano.

No documento anterior, o BC trabalhava com a cotação do dólar em R$ 3,80. Já o cenário de mercado considera estimativas para câmbio e juros de analistas de mercado às vésperas do encontro da diretoria para definir o rumo da Selic.

Texto atualizado às 9h43.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaBanco CentralChinaCopomJurosMercado financeiro

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame