Economia

BC defende score de crédito em julgamento no STJ

STJ realiza hoje audiência pública para discutir pontuação usada por empresas do setor financeiro para decidir sobre concessão de crédito a consumidores


	Dinheiro: pontuação do consumidor em empresas de pontuação era insuficiente, dizem bancos
 (Getty Images)

Dinheiro: pontuação do consumidor em empresas de pontuação era insuficiente, dizem bancos (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2014 às 17h11.

Brasília - O procurador-geral do Banco Central, Isaac Sidney Menezes Ferreira, defendeu nesta segunda-feira, 25, em audiência pública no Superior Tribunal de Justiça (STJ) o sistema de score de crédito como ferramenta essencial para a estabilidade do sistema financeiro nacional.

De acordo com o procurador, caso o tribunal entenda pela ilegalidade do score, as consequências serão negativas para o sistema financeiro.

"Estaríamos retirando uma ferramenta valiosa para aferição do risco de crédito. Se o Sistema Financeiro Nacional perde uma de suas ferramentas, pode gerar por exemplo aumento da inadimplência ou retração do crédito", disse Isaac Sidney ao deixar a audiência.

"No limite, pode levar à instabilidade do sistema financeiro", completou.

O STJ realiza nesta segunda-feira uma audiência pública para discutir a pontuação usada por empresas do setor financeiro para decidir sobre concessão de crédito a consumidores.

A audiência foi convocada pelo ministro Paulo de Tarso Sanseverino, relator de recurso especial que chegou à Corte em que um consumidor ganhou nas instâncias inferiores direito a indenização pois seus pedidos de cartões em lojas e bancos foram negados.

A pontuação do consumidor nas empresas de pontuação, de acordo com os bancos, era insuficiente.

Somente no Rio Grande do Sul, há mais de 36 mil ações sobre o mesmo tema na Justiça. No total, há mais de 120 mil casos como este no Judiciário suspensos, esperando a decisão do STJ, já que o caso tramita na Corte sob rito dos recursos repetitivos.

O julgamento do caso ainda não tem data definida para acontecer.

Isaac Sidney, do BC, defendeu em sua apresentação que o score de crédito não é um banco de dados, mas um serviço de aferição de risco.

Caso seja considerado como banco de dados pelo Judiciário, o sistema pode ser julgado ilegal, já que o artigo 43 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece que o consumidor deve ter acesso às informações existentes em cadastros sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.

"Não se aplica o artigo 43, de tal sorte que o consumidor não precisaria ser notificado previamente. Não se trata de banco de dados, porque o serviço não reúne informações. As informações já estão reunidas", defendeu o procurador do BC.

De acordo com ele, só seriam cabíveis indenizações se o sistema fosse um banco de dados.

Durante sua exposição, o procurador defendeu que em 2012 o Brasil ficou entre as nações melhor classificadas do ponto de vista da regulação financeira e falou sobre a evolução na regulação do sistema financeiro, citando a criação de uma central de risco, por exemplo. Sidney mencionou que a concessão de crédito hoje gira em torno de R$ 3 trilhões e que a inadimplência manteve-se controlada.

Para se manter entre nações com provisionamento e liquidez, continuou o procurador, a análise do risco de crédito é fundamental.

"Desde 1988 temos resolução que veda as instituições financeiras de realizarem operações que não atendam aos princípios de seletividade e diversificação de riscos", disse. "A concessão irresponsável do crédito leva à formação de ativos podres ou ativos tóxicos."

"É preciso fugir da tentação dos púlpitos que por vezes nos levam a um embate ideológico: de um lado banqueiros e de outro consumidores. Pensar na proteção do consumidor é pensar no todo", defendeu o procurador.

Ao lado do Banco Central, defendem a utilização do sistema de score de crédito instituições como o Serasa, a Boa Vista Serviços, a Febraban e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas.

Entre os que levam ao STJ argumentos contrários ao sistema estão os consumidores envolvidos na ação judicial, a Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB-DF) e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCréditoMercado financeiro

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto