Economia

BC chegou a avaliar corte maior nos juros, mostra ata do Copom

Na quarta-feira passada, o BC cortou a Selic em 1 ponto percentual, a 11,25 por cento ao ano

Copom: grupo acelerou o corte de juros em linha com o esperado pelo mercado em meio ao cenário de desinflação e fraqueza da economia (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Copom: grupo acelerou o corte de juros em linha com o esperado pelo mercado em meio ao cenário de desinflação e fraqueza da economia (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 18 de abril de 2017 às 08h46.

Última atualização em 18 de abril de 2017 às 09h20.

Brasília - Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central chegaram a discutir que a conjuntura econômica já permitiria corte maior na Selic do que o adotado na semana passada, mas acabaram optando por uma redução mais modesta em função do cenário de incertezas e riscos, segundo ata do Copom divulgada nesta terça-feira.

"Os membros do Copom também argumentaram que, dado o caráter prospectivo da condução da política monetária, a continuidade das incertezas e dos fatores de risco que ainda pairam sobre a economia tornaria mais adequada a manutenção do ritmo imprimido nessa reunião", informou o BC no documento.

Na quarta-feira passada, o BC cortou a Selic em 1 ponto percentual, a 11,25 por cento ao ano, acelerando o passo em linha com o esperado pelo mercado em meio ao cenário de desinflação e fraqueza da economia. Até então, havia feito dois cortes de 0,25 ponto cada e outros dois de 0,75 ponto.

A quinta tesourada veio acompanhada da avaliação de que o comitê considera adequado o atual ritmo de corte de 1 ponto, mas que "a atual conjuntura econômica recomenda monitorar a evolução dos determinantes do grau de antecipação do ciclo".

O BC repetiu a mensagem pela ata, também reforçando que o ritmo de flexibilização dependerá da extensão do ciclo pretendido e do grau de sua antecipação, que por sua vez dependerá da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação para 2018 e 2019. Entre os fatores de risco, o BC incluiu o avanço das reformas, principalmente de cunho fiscal.

"Há um temor em dar sinais de que vai antecipar muito o ciclo e o mercado precificar a Selic abaixo de 8,5 por cento, e com isso piorar as expectativas de inflação", disse o economista-chefe Votorantim Corretora, Roberto Padovani. "O BC não acelerou o ritmo porque aparentemente não está tão confortável com a trajetória de inflação no médio prazo".

O BC informou ainda haver pequena melhora na perspectiva de retomada em relação à leitura feita pelo Copom na reunião de fevereiro. Mas ressaltou que os desafios nesse processo permanecem e que a recuperação econômica ao longo do ano deverá ser gradual.

Analistas veem expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,4 por cento em 2017 conforme pesquisa Focus mais recente, avanço mais tímido que a estimativa oficial de 0,5 por cento do governo. Já para 2018, as projeções tanto da equipe econômica quanto do mercado são de crescimento de 2,5 por cento do PIB.

Segundo o mesmo boletim Focus, a avaliação majoritária era de que o BC cortará novamente os juros em 1 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em maio, diante das expectativas cadentes para a inflação e de projeções modestas para a recuperação da economia.

A perspectiva do mercado para a inflação em 2017 medida pelo IPCA caiu a 4,06 por cento. Para o ano que vem, recuou a 4,39 por cento.

Nos dois casos, os números seguem abaixo do centro da meta de inflação, que é de 4,5 por cento, com margem de 1,5 ponto percentual tanto para 2017 quanto para 2018.

A respeito da trajetória de inflação, o BC comentou na ata que a consolidação da desinflação no setor de serviços "aumenta a confiança de que a desinflação corrente terá efeitos duradouros".

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