Economia

Barbosa diz que Temer se baseia em política fiscal de Dilma

No Facebook da presidente afastada, ex-ministro da Fazenda comenta anúncio do rombo anunciado por Meirelles de mais R$ 170 bilhões.


	Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda: "é significativa a opção do governo [Temer] por seguir a estratégia fiscal anunciada no início deste ano [pelo governo Dilma]"
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda: "é significativa a opção do governo [Temer] por seguir a estratégia fiscal anunciada no início deste ano [pelo governo Dilma]" (REUTERS/Ueslei Marcelino)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de maio de 2016 às 20h11.

Em mensagem publicada hoje (21) no perfil da presidente afastada Dilma Rousseff no Facebook, o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa classificou a nova meta fiscal de R$ 170,5 bilhões, anunciada ontem (20) pela equipe econômica do governo do presidente interino Michel Temer, de um “cheque especial” e um “piso fiscal”, representando um “valor máximo” capaz de acomodar cenários mais pessimistas de redução de receita e aumento das despesas.

Barbosa argumentou que a mudança da estimativa fiscal seguiu os princípios que vinham sendo adotadas na gestão Dilma e que a nova meta permitirá “redução substancial” de receitas e “aumento substancial” de despesas. “Independentemente das diferenças de projeções e avaliações sobre o cenário fiscal de 2016, é significativa a opção do governo [Temer] por seguir a estratégia fiscal anunciada no início deste ano [pelo governo Dilma], qual seja: combinar a flexibilização da política fiscal no curto prazo com reformas fiscais de longo prazo que diminuam o crescimento do gasto obrigatório da União”, disse Barbosa.

Ao anunciar a nova meta, Meirelles afirmou que a projeção de déficit primário, de R$ 170,5 bilhões em 2016, é “realista” e resulta da frustração de receitas e aumento de despesas devido a questões como a renegociação da dívida dos estados e pagamentos atrasados. Enquanto o governo federal deve ter déficit, a estimativa para estados e municípios é de um superávit primário de R$ 6,5 bilhões.

Segundo o ministro da Fazenda, parte das despesas será descontingenciada para que os órgãos públicos não deixem de prestar serviços.

Meirelles afirmou que o governo projeta receita líquida de R$ 1,077 trilhão para este ano, o que representa queda real de 4% em relação ao que estava previsto. Acrescentou que o governo anterior "superestimou" as receitas. De acordo com o ministro, o aumento de despesas é da ordem de R$ 19,9 bilhões.

Para Nelson Barbosa, a nova proposta de redução da meta fiscal dá continuidade à estratégia de flexibilização da política fiscal anunciada pela sua gestão à frente do Ministério da Fazenda. A iniciativa no entanto, ressaltou, foi prejudicada pela crise política que o país atravessa.

“Apesar de urgente, o debate sobre a mudança da meta fiscal foi bloqueado ao longo dos primeiros meses de 2016 pela crise política, que não permitiu, sequer, a instalação da Comissão Mista de Orçamento pelo Congresso. Neste momento, tudo indica que parlamentares que antes se posicionavam contra qualquer revisão da meta fiscal e de projetos importantes para a gestão fiscal irão abrir mão dos debates e audiências públicas para aprovar a mudança da meta em tempo recorde”.

Na avaliação do ex-ministro da Fazenda, o “realismo fiscal” e a mudança de foco do ajuste econômico para a reforma fiscal “já estão em prática desde o início deste ano”.

“O que é curioso no momento atual é a mudança súbita de interpretação política sobre a mesma estratégia fiscal apresentada no início deste ano [pelo governo Dilma]. Diante dessa mudança, não causa surpresa que a atual equipe econômica tenha que relançar a mesma proposta fiscal apresentada em março como uma "novidade", como uma nova era de "realismo fiscal"”, afirmou Barbosa.

Acompanhe tudo sobre:EconomistasGoverno DilmaNelson Barbosa

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE