Economia

Bancos argentinos propõem alternativa para evitar moratória

Trata-se de "comprar a dívida, guardá-la e negociar com o Estado argentino no ano que vem", explicou analista da consultora Bein y Asociados


	Protesto: atuação dos bancos se daria até que cláusula de contratos renegociados expire
 (Juan Mabromata/AFP)

Protesto: atuação dos bancos se daria até que cláusula de contratos renegociados expire (Juan Mabromata/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de julho de 2014 às 19h22.

Uma proposta de bancos argentinos para comprar os títulos podres em poder dos fundos especulativos que ganharam na justiça americana a disputa contra a Argentina pode ser a saída buscada pelo governo de Cristina Kirchner para evitar uma nova moratória.

O mecanismo revelado nesta quarta-feira à imprensa local permitiria ao país cumprir os pagamentos da dívida reestruturada com cerca de 93% dos credores em 2005 e 2010.

Trata-se de "comprar a dívida, guardá-la e negociar com o Estado argentino no ano que vem", explicou a analista Marina Dal Poggetto, da consultora Bein y Asociados.

A proposta deve ser negociada em Nova York nesta quarta-feira, em uma reunião entre representantes dos fundos especulativos e da Associação de Bancos Argentinos(ADeBa), de acordo com o jornal Ámbito Financiero.

A entidade que agrupa os bancos argentinos não confirmou nem desmentiu à AFP a viagem de seus representantes para Nova York para tentar o avanço das negociações neste sentido.

Fontes do setor confirmaram, entretanto, que o assunto foi analisado em uma reunião de banqueiros na terça-feira em Buenos Aires.

Também se avalia "a oferta de um depósito de garantia, mas essa proposta perdeu força em favor da compra total dos títulos da sentença", observou a analista.

Se der certo, será um alívio para todas as partes: os fundos conseguiriam cobrar, os credores dos títulos reestruturados teriam seus pagamentos liberados pela justiça dos Estados Unidos e o governo argentino receberia o crédito político de ter se mantido inflexível diante daqueles que chama de "abutres".

"Todos querem um acordo porque em situação de default os custos são altos para o governo, assim como para os fundos e para o juiz, que tem freado os pagamentos de títulos com jurisdição fora de Nova York", apontou Dal Poggetto.

O chefe de Gabinete argentino, Jorge Capitanich, distanciou-se desta saída para o possível default, caso o país não cumpra a sentença que o obriga a pagar 1,33 bilhão de dólares aos fundos especulativos que venceram o litígio em Nova York.

"Quando se negociam acordos entre (agentes) privados é uma questão que envolve somente os agentes privados, não importa a opinião do setor público", disse Capitanich consultado sobre essa possibilidade em coletiva de imprensa.

O governo precisa deixar claro que não é parte de um acordo por esta via para evitar que os credores da dívida reestruturada de 2005 e 2010 (93% do total) peçam a equiparação da oferta pela cláusula Rufo presente em seus contratos e que vence no final do ano.

A atuação dos bancos se daria até que a cláusula dos contratos renegociados se expire em troca de um negócio lucrativo.

"O valor das ações dos bancos será maior e melhorará sua carteira. Todos ganham", disse Dal Poggetto.

"Os mercados estão na expectativa de que o acordo seja alcançado na última hora", avaliou.

A Bolsa de Comércio de Buenos Aires teve alta de 5% logo depois da abertura, marcada pela valorização das ações dos bancos nacionais, entre eles o Macro (6,55%) e o Galicia (7,40%).

Em Nova York, seguem as negociações entre a delegação argentina, liderada pelo ministro da Economia, Axel Kicillof, e os litigantes na presença do mediador judicial.

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