Economia

Banco Mundial se aproxima de aumento de capital

Washington - Os líderes financeiros do mundo terão nesta semana negociações polêmicas sobre como modificar o sistema de votação no Banco Mundial para dar mais poder a potências emergentes como a China e o Brasil, prelúdio a uma batalha maior no Fundo Monetário Internacional (FMI). O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, disse em entrevista […]

Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial.  (.)

Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial. (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

Washington - Os líderes financeiros do mundo terão nesta semana negociações polêmicas sobre como modificar o sistema de votação no Banco Mundial para dar mais poder a potências emergentes como a China e o Brasil, prelúdio a uma batalha maior no Fundo Monetário Internacional (FMI).

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, disse em entrevista à Reuters que esses planos serão discutidos junto a negociações para um aumento de capital de 3,5 bilhões de dólares na instituição -- o primeiro em mais de 20 anos --, com fundos vindos de países ricos e emergentes.

Isso ajudaria o Banco Mundial a recuperar suas finanças depois da grande quantidade de empréstimos feitos durante a crise financeira para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com a diminuição da demanda global e com a forte queda nos fluxos de capital privado.

A reforma do sistema de votação no banco, que geraria mais 1 bilhão de dólares em capital novo, é politicamente complicada porque significa que países, especialmente os da Europa, teriam de desistir de parte do seu poder de voto a favor dos países em desenvolvimento.

A Grã-Bretanha, um dos maiores contribuidores do Banco Mundial, está no meio de eleições nacionais e existem preocupações de que não possa tomar uma posição até a votação, em 6 de maio.

Mesmo os países nórdicos, tradicionalmente generosos em sua ajuda para o desenvolvimento, estão relutantes em aceitar um menor poder de voto.

Líderes do Grupo das 20 maiores nações desenvolvidas e em desenvolvimento (G20) concordaram, em reuniões em Pittsburgh no ano passado, em uma mudança de 3 por cento no poder geral de votação no Banco Mundial e de pelo menos 5 por cento no FMI.

As economias emergentes, que querem uma mudança de 6 por cento no poder de voto no banco, expressaram sua preocupação de que será difícil conseguir 3 por cento.

"Eu não acho que nós conseguiremos mais de 3", disse uma autoridade brasileira à Reuters.

O G20 pressionou para que haja um acordo sobre o poder de voto no Banco Mundial na reunião desta semana e que ele coincida com um aumento de capital maior para a instituição. A mudança no sistema de votação no FMI será decidida no início do ano que vem.

O Banco Mundial e o FMI disseram no domingo que esperam prosseguir com as reuniões de líderes financeiros de 22 a 25 de abril, apesar dos cancelamentos de voos na Europea devido a cinzas vulcânicas.


 

Recorde de empréstimos
Como outros bancos de desenvolvimento, o Banco Mundial comprometeu somas recordes de fundos -- mais de 100 bilhões de dólares nos últimos 18 meses -- para ajudar países em desenvolvimento afetados pelo colapso do comércio global e pela redução do acesso a crédito durante a crise.

Zoellick disse que a demanda por assistência financeira deve diminuir à medida que a economia se recupera, mas que nada é certo.

"A força da recuperação é um ponto de interrogação sério", disse ele à Reuters antes das reuniões.

Com os orçamentos dos países ricos apertados pela crise financeira e pelos crescentes níveis de dívida pública, Zoellick abordou o incremento de recursos em duas fases: através de um aumento geral de capital -- o primeiro em mais de 20 anos -- e por meio de ajustes nas cotas dos membros.

A última medida aumentaria o poder de voto de países em desenvolvimento de maior crescimento reconhecido pelo Banco, como Índia, China, Rússia e Brasil, e também dos mais pobres na África e na América Latina.

"As pessoas estão querendo o aumento de capital e eu acho que as pessoas estão mirando cerca de 3,5 bilhões de dólares para isso", disse Zoellick. "Isso, para mim, seria um bom resultado."

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