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Banco Central tenta salvar o que pode da política monetária

O Banco Central vem tentando salvar o que pode da política monetária, em meio à devastação que essa sofre com o caos político e fiscal

Sede do Banco Central em Brasília: endurecimento do tom do presidente Alexandre Tombini, em recente pronunciamento, faz parte dessa estratégia (REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2015 às 09h14.

Rio - O Banco Central (BC) vem tentando salvar o que pode da política monetária, em meio à devastação que essa sofre com o caos político e fiscal.

O endurecimento do tom do presidente Alexandre Tombini , em recente pronunciamento, faz parte dessa estratégia.

Outro dos seus elementos foram os recentes relatos, na imprensa, baseados em fontes da equipe econômica, dando conta de que o BC esperava uma surpresa positiva na inflação de preços administrados. Foi um tiro na água em termos de expectativas. Desde meados de novembro, a projeção mediana do mercado para a inflação de administrados em 2016 saltou de 6,9% para 7,35%.

Na verdade, já há alguns analistas projetando 8% ou até bem mais. Já as expectativas para o IPCA cheio em 2016 ultrapassaram o teto do intervalo de tolerância da meta (6,5%) em novembro e já estão em 6,7%. Há analistas respeitados trabalhando com projeções em torno de 7% ou mais.

Nesse cenário, o BC tenta evitar a desancoragem total das expectativas, o que inevitavelmente só pode ser feito com a sinalização de novas altas da Selic. "Eu acho que o BC quer deixar a inflação em 2016 minimamente ancorada, e se dará por contente se conseguir evitar que ela fure o teto ou talvez mesmo que apenas fique abaixo de 7%", diz Solange Srour, economista-chefe da gestora ARX.

Ela, como vários outros profissionais do mercado, espera um ciclo de alta da Selic a se iniciar na próxima reunião em janeiro, que elevaria a taxa básica em torno de 2 pontos porcentuais, podendo ser um pouco mais ou um pouco menos. Há consenso de que isto seria só o suficiente para restabelecer o juro real, em torno de 8%, de quando a Selic atingiu 14,25% no final de julho.

Solange acha que a sorte do BC, nesse cenário, estará quase que inteiramente condicionada a um mínimo de estabilidade política e de avanço na agenda fiscal, que permitam estabilizar o câmbio e evitar novos estirões de depreciação. "Se o real apreciar e o ambiente externo ajudar, até poderiam entrar num ciclo de queda ainda no ano que vem", diz, mas deixando claro que isso é uma mera hipótese, não um cenário provável.

José Júlio Senna, diretor do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV, nota que o recente discurso de Tombini teve uma pequena novidade - o fato de o presidente do BC dizer, negando a tese de dominância fiscal, que o desequilíbrio das contas públicas atrapalha, mas o Copom não deixará de agir. "É um fato novo e sugestivo de que o BC considera a hipótese de fazer um ajuste da taxa nominal nos primeiros meses do ano", comenta o economista.

José Márcio Camargo, economista-chefe da gestora Opus, tem uma visão diferente. Prevê que o ciclo de alta da Selic vai ser de 2 a 2,5 pontos porcentuais, mas acha que o BC deveria fazer mais. Quanto à queda da atividade, ele diz que "a única coisa que deveria afetar a decisão do Copom é a inflação - se a inflação está se acelerando, é sinal de que a recessão ainda não foi suficiente". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Outro dos seus elementos foram os recentes relatos, na imprensa, baseados em fontes da equipe econômica, dando conta de que o BC esperava uma surpresa positiva na inflação de preços administrados. Foi um tiro na água em termos de expectativas. Desde meados de novembro, a projeção mediana do mercado para a inflação de administrados em 2016 saltou de 6,9% para 7,35%.

Na verdade, já há alguns analistas projetando 8% ou até bem mais. Já as expectativas para o IPCA cheio em 2016 ultrapassaram o teto do intervalo de tolerância da meta (6,5%) em novembro e já estão em 6,7%. Há analistas respeitados trabalhando com projeções em torno de 7% ou mais.

Nesse cenário, o BC tenta evitar a desancoragem total das expectativas, o que inevitavelmente só pode ser feito com a sinalização de novas altas da Selic. "Eu acho que o BC quer deixar a inflação em 2016 minimamente ancorada, e se dará por contente se conseguir evitar que ela fure o teto ou talvez mesmo que apenas fique abaixo de 7%", diz Solange Srour, economista-chefe da gestora ARX.

Ela, como vários outros profissionais do mercado, espera um ciclo de alta da Selic a se iniciar na próxima reunião em janeiro, que elevaria a taxa básica em torno de 2 pontos porcentuais, podendo ser um pouco mais ou um pouco menos. Há consenso de que isto seria só o suficiente para restabelecer o juro real, em torno de 8%, de quando a Selic atingiu 14,25% no final de julho.

Solange acha que a sorte do BC, nesse cenário, estará quase que inteiramente condicionada a um mínimo de estabilidade política e de avanço na agenda fiscal, que permitam estabilizar o câmbio e evitar novos estirões de depreciação. "Se o real apreciar e o ambiente externo ajudar, até poderiam entrar num ciclo de queda ainda no ano que vem", diz, mas deixando claro que isso é uma mera hipótese, não um cenário provável.

José Júlio Senna, diretor do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV, nota que o recente discurso de Tombini teve uma pequena novidade - o fato de o presidente do BC dizer, negando a tese de dominância fiscal, que o desequilíbrio das contas públicas atrapalha, mas o Copom não deixará de agir. "É um fato novo e sugestivo de que o BC considera a hipótese de fazer um ajuste da taxa nominal nos primeiros meses do ano", comenta o economista.

José Márcio Camargo, economista-chefe da gestora Opus, tem uma visão diferente. Prevê que o ciclo de alta da Selic vai ser de 2 a 2,5 pontos porcentuais, mas acha que o BC deveria fazer mais. Quanto à queda da atividade, ele diz que "a única coisa que deveria afetar a decisão do Copom é a inflação - se a inflação está se acelerando, é sinal de que a recessão ainda não foi suficiente". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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