Economia

Banco Central Europeu ​mantém política monetária apesar de inflação record

Em uma pequena mudança de postura, o BCE removeu uma cláusula que estipulava que seu próximo movimento de política monetária poderia ser em "qualquer direção"

BCE: Em uma pequena mudança de postura, o BCE removeu uma cláusula que estipulava que seu próximo movimento de política monetária poderia ser em "qualquer direção" (Ralph Orlowski/Reuters)

BCE: Em uma pequena mudança de postura, o BCE removeu uma cláusula que estipulava que seu próximo movimento de política monetária poderia ser em "qualquer direção" (Ralph Orlowski/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de fevereiro de 2022 às 10h21.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2022 às 11h46.

O Banco Central Europeu deixou a política monetária inalterada conforme esperado nesta quinta-feira, permanecendo no caminho de fornecer estímulos abundantes neste ano mesmo com a inflação em patamar recorde, ultrapassando tanto a meta de 2% quanto as projeções da instituição.

Tendo ampliado as medidas de apoio em dezembro, a alteração de política monetária nunca foi vista como opção, mas a inflação persistentemente alta --5,1% no mês passado-- deve pressionar as autoridades nos próximos meses para limitar o estímulo.

Em uma pequena mudança de postura, o BCE removeu uma cláusula que estipulava que seu próximo movimento de política monetária poderia ser em "qualquer direção".

"O Conselho do BCE está pronto para ajustar todos os seus instrumentos, conforme apropriado, para garantir que a inflação se estabilize em sua meta de 2% no médio prazo", disse o BCE, mantendo que as taxas ainda podem ser cortadas, caso necessário.

Há muito o banco central dos 19 países que partilham o euro argumenta que a inflação diminuirá em breve, sem sua intervenção, e que, na verdade, recuará abaixo de sua meta de 2% até o fim do ano, de modo que retirar o apoio agora seria contraproducente.

Mas agentes financeiros e várias autoridades começaram a questionar essa narrativa, especialmente porque o BCE subestimou persistentemente o pico atual da inflação, forçando-o a revisar repetidamente suas previsões.

Os mercados já duvidam das projeções do BCE e estão precificando aumentos de 28 pontos-base nos juros neste ano, com a primeira alta esperada para julho, apesar da insistência do banco de que qualquer movimento em 2022 é muito improvável.

Mas mudar a narrativa sobre a inflação é um exercício complicado e potencialmente arriscado.

Se a presidente do BCE, Christine Lagarde, admitir que o banco subestimou as pressões sobre os preços, os mercados irão antecipar apostas de aumento dos juros, elevando os custos de empréstimos para governos e empresas, mesmo que o BCE procure mantê-los perto de mínimas recordes.

Com a decisão desta quinta-feira, a taxa de depósito do BCE permanece em uma mínima recorde de -0,5% e o banco ainda está em curso de eliminar gradualmente seu esquema de compra de títulos de emergência da pandemia de 1,85 trilhão de euros até o final de março.

Nos próximos trimestres, as compras de títulos serão reduzidas em várias etapas, mas ainda estão programadas para serem executadas em período indefinido.

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