Economia

Banco Central eleva taxa Selic em 0,75 ponto, a 4,25% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa básica de juros pela terceira vez consecutiva nesta quarta-feira

Com maior risco inflacionário, o Copom passa a ver a taxa de juros a 6,25% até o final do ano (Adriano Machado/Reuters)

Com maior risco inflacionário, o Copom passa a ver a taxa de juros a 6,25% até o final do ano (Adriano Machado/Reuters)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 16 de junho de 2021 às 18h43.

Última atualização em 16 de junho de 2021 às 19h58.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou a taxa Selic em 0,75 ponto percentual para 4,25% nesta quarta-feira, 16.

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A elevação foi a terceira consecutiva na taxa básica de juros neste ano. Na última reunião, que ocorreu no início de maio, o Copom havia elevado a taxa dos 2,75% anteriores para 3,5%, o comitê já havia sinalizado que faria um novo aumento da mesma magnitude no encontro seguinte.

Para a próxima reunião, marcada para o início de agosto, o Copom sinalizou que pretende aumentar a Selic em mais 0,75 ponto percentual em direição a uma normalição dos juros em 2022. Com o cenário, a previsão do comitê é de que a taxa básica de juros termine 2021 em 6,25% e 2022 em 6,50% ao ano.

"O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022", informou o comunicado divulgado. 

Na avaliação do economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, uma das principais sinalizações do comunicado foi o aumento da projeção da Selic para o fim do ano e o abandono da indicação de uma "normalização parcial" da taxa de juros, sinalizada no último comunicado, divulgado no início de maio.

Agora o cenário é de trajeto em direção a uma taxa neutra, nível considerado pelo BC em torno de 6,5%. "Finalmente tiraram o termo de 'normalização parcial' da taxa de juros. E vão buscar esse nível neutro de uma forma mais rápida", ressalta.

Na análise do economista, a mudança ocorreu em meio a choques de preço e problemas de equilíbrio entre oferta e demanda em diversos setores. "Tivemos um choque cambial, depois de preço de commodities, temos problemas de equilíbrios entre oferta e demanda em vários setores, isso é um fenômeno global que pressiona preços, e estamos tendo um terceiro choque agora que é a questão da energia elétrica, com a crise hídrica", afirma.

As projeções de inflação do Copom também foram atualizadas. O comitê prevê uma alta de preços de 5,8% para o fim deste ano e de 3,5% para 2022.

Na avaliação do economista da ACE Capital Werther Vervloet, o BC se mostrou mais otimista com o ritmo de crescimento econômico neste ano. "O que é bom para o país, mas é mais uma pressão inflacionária", destaca. "O comunicado pesou mais a mão também na parte de qualificação da inflação, quando diz que a pressão inflacionária está mais persistente do que o esperado", afirma.

Em maio, a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,83%, o maior resultado para o mês desde 1996.

No cenário previsto, as projeções para a inflação de preços administrados são de 9,7% para 2021 e 5,1% para 2022. "Adota-se uma hipótese neutra para a bandeira tarifária de energia elétrica, que se mantém em 'vermelha patamar 1' em dezembro de cada ano-calendário", informa o comitê.

No comunicado, o Copom afirmou ver fatores de risco "em ambas as direções". "Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento recente nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário básico", diz a nota. "Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país."

Na avaliação do economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, é possível que a próxima reunião do comitê indique uma nova alta ainda maior da Selic do que o sinalizado. No comunicado, o Copom deixou em aberto a possibilidade de um aumento maior do que o sinalizado se houver deterioração das expectativas de inflação. "A leitura preliminar do comunicado sugere que há espaço para uma alta de 100 pontos base na próxima reunião, apesar do colegiado do BCB ter apontado uma alta de igual magnitude que a atual incialmente", afirma.

No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 14, pelo BC com as projeções do mercado para a economia, a perspectiva de aperto monetário com a elevação da Selic neste subiu com a expectativa de uma inflação mais elevada e crescimento mais intenso do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

A pesquisa mostrou expectativa compatível com a projeção do Copom de que a taxa básica de juros termine 2021 a 6,25%. A projeção anterior era de 5,75%. Para 2022, o cenário de Selic a 6,50% ao final do ano permanece.

O relatório projetou, na décima alta seguida, uma expectativa para a inflação este ano de 5,82%, de 5,44% antes. Para 2022 o cálculo é de avanço de 3,78%, de 3,70%.

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