Economia

Luta contra inflação avança mas ainda corre risco, diz BC

Um dos riscos está relacionado ao processo de recuperação das contas públicas e sua composição


	Inflação: um dos riscos está relacionado ao processo de recuperação das contas públicas e sua composição
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Inflação: um dos riscos está relacionado ao processo de recuperação das contas públicas e sua composição (Marcos Santos/USP Imagens)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2016 às 10h22.

Brasília - O Banco Central (BC) considera que houve avanços no combate à inflação, mas ainda há riscos no processo de combate à alta dos preços.

A avaliação consta da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada hoje (5).

Um dos riscos está relacionado ao processo de recuperação das contas públicas e sua composição.

O comitê ressalta que indefinições e alterações significativas na trajetória de geração de resultados primários (receitas menos despesas, excluídos gastos com juros) contribuem para gerar uma percepção negativa sobre a economia brasileira e impactam negativamente as expectativas de inflação.

“Sobre o combate à inflação, o comitê destaca que a literatura e as melhores práticas internacionais recomendam um desenho de política fiscal consistente e sustentável, de modo a permitir que as ações de política monetária sejam plenamente transmitidas aos preços”, disse.

Outro risco apontado pelo Banco Central é que o processo de realinhamento dos preços externos em relação aos internos e dos livres em relação aos administrados mostrou-se mias demorado e intenso do que o previsto. Esse realinhamento de preços foi um dos principais fatores que causaram a alta da inflação em 2015.

“Adicionalmente, remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial”, acrescentou o comitê.

Selic

O Copom reafirmou que adotará medidas necessárias para que a inflação fique dentro do limite superior da meta este ano, 6,5%, e para fazer convergir para o centro da meta de 4,5%, em 2017. Neste contexto, reiterou o comitê, não há espaço para redução da taxa básica de juros, a Selic.

No dia 27 de abril, o Copom manteve a taxa Selic em 14,25% ao ano, pela sexta vez consecutiva.

Embora ajude no controle dos preços, o aumento ou a manutenção da taxa Selic em níveis elevados prejudica a economia. É que os juros altos intensificam a queda na produção e do consumo.

A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.

Em abril, depois de quatro meses com taxa de dois dígitos, a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), voltou a fechar o acumulado de 12 meses em um dígito.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA fechou os 12 meses encerrados em março em 9,39%, depois de ter fechado fevereiro em 10,36%.

Na avaliação do Copom, a inflação em doze meses ainda está em patamar elevado, “reflexo dos processos de ajustes de preços relativos [administrados em relação aos livres e externos em relação aos internos] ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano, e que fazem com que a inflação mostre resistência”.

“Ao tempo em que reconhece que esses processos têm impactos diretos sobre a inflação, o comitê reafirma sua visão de que a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de segunda ordem deles decorrentes”,acrescentou.

Para instituições financeiras, o IPCA deve fechar este ano em 6,94%.

Projeções

O Copom projeta reajuste médio de 19% nas tarifas de água e esgoto, de 12,8% nos preços dos medicamentos e redução de 3,2% nos preços da energia elétrica, consideradas as alterações anunciadas relativamente a bandeiras tarifárias.

Para o conjunto de preços administrados por contratos e monitorados, a estimativa é de variação de 6,8% este ano, ante a projeção de 5,9%, considerada em março. Para 2017, o Banco Central projeta variação de 5% nos preços administrados, mesmo valor considerado em março.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralCopomEstatísticasIndicadores econômicosInflaçãoJurosMercado financeiroSelic

Mais de Economia

Economia argentina cai 0,3% em setembro, quarto mês seguido de retração

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE