Economia

Autoridades da UE minimizam plano de reforma grega

Pesquisa de opinião publicada nesta segunda-feira mostrou que a grande maioria dos gregos quer que o governo chegue a um acordo de compromisso


	Presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem: "este é um processo que simplesmente vai levar um longo tempo"
 (Jason Alden/Bloomberg)

Presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem: "este é um processo que simplesmente vai levar um longo tempo" (Jason Alden/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2015 às 10h04.

Amsterdã/Bruxelas - Autoridades da zona do euro minimizaram os planos apresentados pela endividada Grécia a seus credores internacionais em uma tentativa de garantir novos recursos, um dia depois de o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, irritar os parceiros da União Europeia ao levantar a possibilidade de um referendo no país.

Falando em um encontro de ministros das Finanças da zona do euro em Bruxelas, nesta segunda-feira, o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse que as etapas descritas por Varoufakis em uma carta na semana passada eram sérias, mas "estão longe de ser completas".

"Este é um processo que simplesmente vai levar um longo tempo", disse o holandês, acrescentando que seria muito difícil concluir o programa de reforma da Grécia durante os quatro meses de prorrogação do plano de resgate da UE/FMI ao país, que vai até o final de junho.

Varoufakis, que busca negociar com os credores uma reestruturação da dívida da Grécia, disse em uma entrevista publicada no domingo que o governo grego, liderado pela esquerda, poderia convocar um referendo ou eleições antecipadas se os parceiros europeus rejeitarem seu plano de dívida com crescimento.

O Ministério das Finanças esclareceu depois que Varoufakis, um ex-acadêmico marxista, respondia na entrevista a uma questão hipotética e que qualquer referendo iria "obviamente, considerar o conteúdo das reformas e da política fiscal", e não a permanência do país na zona do euro.

Um político de alto escalão do bloco conservador da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou nesta segunda-feira que a Grécia estaria melhor fora da zona euro, formada por 19 nações, sugerindo que o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, compartilha desse ponto de vista em conversas reservadas.

"Ao deixar a zona do euro, como o ministro das Finanças Schaeuble sugeriu, o país poderia tornar-se competitivo novamente, considerando a perspectiva da moeda, com um novo dracma", afirmou o ex-ministro dos Transportes Peter Ramsauer, membro da direitista União Social-Cristã da Baviera (CSU), num texto publicado no jornal Bild.

Merkel e Schaeuble já disseram publicamente que querem manter a Grécia na zona da moeda comum. Mas, em um sinal de que o sentimento alemão pode estar mudando, Ramsauer declarou que um "Grexit" (a saída da Grécia) temporário seria uma "grande oportunidade" para o país impulsionar sua economia e administração, "tornando-se apto a voltar à zona do euro a partir de uma posição de força".

Uma pesquisa de opinião publicada nesta segunda-feira mostrou que a grande maioria dos gregos quer que o governo chegue a um acordo de compromisso com os credores internacionais para evitar que a Grécia tenha de deixar o euro.

Um total de 69,6 por cento dos gregos respondeu que o novo governo deveria buscar um "compromisso honroso" para resolver a crise, de acordo com pesquisa do instituto Marc para o jornal Efimerida Ton Syntakton. Apenas 27,4 por cento dos entrevistados querem que a Grécia recuse qualquer acordo, mesmo que isso signifique ter de sair da zona euro.

O primeiro-ministro Alexis Tsipras, político de esquerda, conquistou o poder em janeiro, após prometer aos eleitores uma renegociação radical do pacote de resgate, o qual requer uma disciplina orçamentária rigorosa e uma disciplina orçamental rigorosa e rígidas medidas de austeridade, p que provocou retração de 25% na economia da Grécia.

Apesar de haver divisões em seu partido por causa de concessões que o governo teve de fazer, as pesquisas mostram que Syriza continua popular.

Como seu primeiro ato legislativo no Parlamento, o governo apresentou um projeto de lei na semana passada para oferecer comida e eletricidade gratuitos a milhares de gregos que caíram na pobreza, uma iniciativa simbólica para enfrentar a situação, que qualifica como sendo de crise humanitária.

Cerca de 88 por cento dos entrevistados apoiam esses passos iniciais, de acordo com a pesquisa.

Excluída dos mercados de emissão de dívida e com empréstimos internacionais congelados, num contexto de queda das receitas, a Grécia poderá ficar sem dinheiro no final deste mês.

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