Atenas pede ajuda para evitar que a crise se propague
Atenas - O primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, afirmou hoje que seu Governo assume a responsabilidade de sair da crise financeira que o país atravessa e pediu à União Europeia que contribua para evitar que ela se propague pelo continente. "O Governo grego tem sobre seus ombros uma grande responsabilidade nacional e também uma responsabilidade perante […]
Da Redação
Publicado em 28 de abril de 2010 às 15h16.
Atenas - O primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, afirmou hoje que seu Governo assume a responsabilidade de sair da crise financeira que o país atravessa e pediu à União Europeia que contribua para evitar que ela se propague pelo continente.
"O Governo grego tem sobre seus ombros uma grande responsabilidade nacional e também uma responsabilidade perante a Europa, e a assumimos completamente", afirmou o primeiro-ministro.
No entanto, especificou que a "Europa, a União Europeia (UE) e os países da zona do euro também devem, todos juntos, evitar que o fogo, que cresceu devido à crise mundial, se propague por toda a economia europeia e mundial".
Papandreou reage assim à alta a níveis recorde do custo da dívida grega (bônus a dez anos), que ficou hoje acima dos 11%, e o diferencial com o "Bund" alemão superando os 800 pontos de base.
Como medida de precaução, a Comissão nacional de Mercados de Valores da Grécia anunciou hoje que até o dia 28 de junho estão proibidas as operações de "venda a descoberto" (apostas na queda das ações), para evitar manobras especulativas e mais danos ao mercado.
O custo da dívida grega seguia subindo hoje, um dia depois que a agência de classificação de risco Standard & Poor's reduziu o "rating" (opinião sobre a capacidade de um país ou uma empresa saldar seus compromissos financeiros) da dívida grega ao nível dos chamados "bônus lixo", depois que a Bolsa de Antenas caiu 6%.
Hoje o índice da bolsa ATHEX subiu ligeiramente (0,6%, até 1.707 unidades), tranqüilizado pelo acordo internacional iminente para resgatar à economia grega.
As necessidades financeiras da Grécia para os próximos três anos superam amplamente os 80 bilhões de euros estimados inicialmente e poderiam alcançar os 135 bilhões, segundo reconheceu o Governo alemão.
Perante esta situação, a UE está se apressando e deve fazer uma cúpula extraordinária dos países da zona do euro por volta do dia 10 de maio para adotar o pacote de resgate para a Grécia.
As dúvidas sobre a solvência do país e o temor do efeito em cadeia arrastaram o euro para baixo, colocando a moeda em seu pior nível em 12 meses.
A moeda comum europeia alcançou os US$ 1,3175, frente aos US$ 1,3313 de ontem à tarde.
A Comissão Europeia afirmou hoje que a reestruturação da dívida grega "não é uma opção", algo que Atenas também descartou.
Papandreou assegurou hoje "que em breve serão finalizadas as negociações com a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o programa de três anos com mudanças específicos estruturais, de desenvolvimento e financeiros que devem ser implementados para sair da crise".
Estas entidades estão negociando medidas adicionais de economia fiscal para a Grécia em 2011 e 2012, para desbloquear assim a concessão da ajuda financeira ao país de 35 bilhões de euros para 2010.
Enquanto isso, os protestos contra as medidas de austeridade continuaram hoje em Atenas com as interrupções pontuais dos docentes das universidades e dos colégios privados, que não voltarão a seus postos de trabalho até a próxima segunda-feira.
As centrais sindicais majoritárias convocaram para uma greve geral de 24 horas para o dia 5 e se espera que ela afete a atividade econômica do país.