Economia

Ata do Copom: juro atual já aquece economia e novo corte exige reformas

Mais uma vez, o Banco Central reiterou que a continuidade das reformas na economia é essencial para a queda da taxa de juros estrutural

Banco Central: ata do último encontro do Copom foi divulgada na manhã desta terça-feira, 12 (Gil Ferreira/Agência CNJ/Reprodução)

Banco Central: ata do último encontro do Copom foi divulgada na manhã desta terça-feira, 12 (Gil Ferreira/Agência CNJ/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de fevereiro de 2019 às 09h53.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2019 às 11h26.

Brasília - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reafirmou na manhã desta terça-feira, 12, na ata do encontro da semana passada, que a conjuntura econômica com inflação controlada e elevado grau de ociosidade na economia continua prescrevendo uma política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.

"Embora estimativas dessa taxa envolvam elevado grau de incerteza, os membros do Comitê manifestaram entendimento de que as atuais taxas de juros reais ex-ante têm efeito estimulativo sobre a economia", acrescentou o documento.

Para os membros do Copom, o grau de estímulo adequado depende das condições da conjuntura, em particular, das expectativas de inflação, da capacidade ociosa na economia, do balanço de riscos e das projeções de inflação. "Em especial, a provisão de estímulo monetário requer ambiente com expectativas de inflação ancoradas", completou a ata.

Mais uma vez, o Banco Central reiterou que a continuidade das reformas na economia é essencial para a queda taxa de juros estrutural.

Cenário de referência

O BC indicou ainda que a projeção para o IPCA de 2019 no cenário de referência está, também, em 3,9%. A projeção para 2020 é de 4,0%. Estes também são os mesmos valores citados no comunicado que acompanhou a decisão do colegiado, na semana passada.

O BC formulou seu cenário de referência tendo como base a Selic constante em 6,50% ao ano e uma taxa de câmbio de R$ 3,70. Este valor para o câmbio teve como base a cotação média para a moeda americana observada nos cinco dias úteis encerrados na sexta-feira anterior à reunião do Copom (1º de fevereiro).

Na ata do encontro de outubro, as projeções do cenário de referência estavam em 3,7% para 2019 e 4,0% para 2020.

O centro da meta de inflação perseguida pela instituição este ano é de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (inflação entre 2,75% e 5,75%). No caso de 2020, a meta é de 4%, com margem de 1,5 ponto (taxa de 2,5% a 5,5%). Já a meta para 2021 é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%).

No Relatório de Mercado Focus publicado nesta segunda-feira, 11, as instituições financeiras projetaram inflação de 3,87% em 2019 e 4,00% em 2020.

Preços administrados

O Banco Central manteve suas projeções para a alta dos preços administrados em 2019. Para este ano, o índice calculado continuou em 5,1% no cenário de mercado. No caso do próximo ano, o porcentual foi de 3,9% para 4,7%. As estimativas anteriores constavam na ata do encontro de dezembro do Copom.

No cenário de referência, que utiliza como parâmetros taxa de câmbio constante a R$ 3,70 e juros constantes a 6,50% ao ano, a projeção para a alta dos preços administrados em 2019 passou de 5,2% para 5,1%. No caso de 2020, foi de 4,0% para 4,5%.

O Focus indicou nesta segunda-feira que a estimativa para 2019 no mercado financeiro é de elevação de 4,89% dos administrados. Para 2020, a expectativa está em 4,30%.

As projeções para os preços administrados ajudaram a formar a base para que o colegiado mantivesse na semana passada a Selic em 6,50% ao ano.

Riscos inflacionários

O BC voltou a registrar nesta manhã, por meio da ata do último encontro Copom, o rebalanceamento dos riscos em seu cenário básico de inflação. Assim como havia feito no comunicado da semana passada, o colegiado citou que, desde o encontro de dezembro, "especialmente quanto ao cenário externo, houve arrefecimento dos riscos inflacionários".

O BC voltou a pontuar que, em seu cenário básico, existem fatores de risco em ambas as direções: a desinflacionária e a inflacionária. No primeiro caso, o BC repetiu que "o nível de ociosidade elevado pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado".

No caso dos riscos inflacionários, o BC repetiu que "uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária". Além disso, a instituição lembrou que o risco ligado às reformas "se intensifica no caso de deterioração do cenário externo para economias emergentes".

O BC afirmou ainda que a assimetria entre os riscos desinflacionários e inflacionários permanece, sendo que os maiores pesos seguem com os riscos ligados às reformas e ao cenário externo.

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