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Assoreamento e bagres emperram hidrelétricas

Ibama diz que precisa de mais informações para avaliar se hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio não colocam bagres em risco nem podem assorear rio Madeira

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h42.

Ao adiar sua decisão sobre os dois principais projetos de hidrelétricas brasileiras, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) afirmou que precisa de mais informações para avaliar se as usinas de Jirau e Santo Antonio podem levar ao assoreamento das margens do rio Madeira ou colocar em risco espécies de bagre que habitam a região. O rio Madeira possui hoje o maior potencial de geração de energia hidrelétrica do país, mas também tem alta concentração de sedimentos e coloração escura. As turbinas das hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio devem elevar a quantidade desses sedimentos na água e gerar risco de assoreamento nas margens. Além disso, espécies de bagre que migram cerca de 3 mil km antes de desovarem na cabeceira do rio poderiam ter seu trajeto interrompido, com risco de extinção.

No mês passado, o Ibama pediu mais informações ao consórcio formado por Odebrecht e Furnas, responsável pelo projeto das hidrelétricas, antes de tomar a decisão. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, as informações ainda não foram repassadas. Só depois disso os técnicos deverão conceder a licença prévia ao projeto ou considerá-lo inviável.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, afirma, no entanto, que as duas usinas terão um impacto ambiental bem menor que outras já construídas no Brasil. De acordo com ele, a área afetada pelo represamento das águas do rio será de 0,08 km para cada megawatt (MW) gerado, contra 0,57 km da média nacional. Essa redução foi conseguida com a opção por turbinas em forma de bulbo, em que a água passa de forma quase horizontal, aproveitando a força da própria correnteza para a geração da energia. Ele também afirmou que poderia ser construído um canal lateral para garantir a migração das espécies de bagre, assim como foi feito em Itaipu. Já Silvia Calou, diretora-executiva da Associaçaõ Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica (ABCE), afirma que estudos de especialistas já mostraram que não há risco grave de sedimentação nas proximidades do rio.

O Ibama analisa há dois anos os impactos ambientais da obra. A preocupação do governo é que devido à estação chuvosa a construção das usinas possa ser adiada em um ano caso as licenças ambientais não saiam nas próximas semanas. Como o Ibama está em greve desde a semana passada, há dúvidas sobre o tempo que o órgão levará para analisar as informações que serão fornecidas por Furnas e Odebrecht.

As hidrelétricas estão previstas para entrar no sistema a partir de 2012. Caso não estejam prontas em 2016, Tolmasquim estima que o país terá de fazer emissões adicionais de 166 milhões de toneladas de carbono ao ano com o aumento da geração de energia térmica. "É três vezes mais do que todo o setor emitiria hoje se todas as usinas termelétricas fossem ligadas", disse.

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