Argentina registra 13,2% de inflação em fevereiro e Milei comemora: 'numeraço'
Apesar de nominalmente ser uma taxa muito alta, trata-se de um recuo de mais de 6 pontos percentuais em relação à inflação registrada em janeiro no país. Em 12 meses, inflação é de 276%
Editor de Macroeconomia
Publicado em 12 de março de 2024 às 16h05.
Última atualização em 12 de março de 2024 às 16h07.
A inflação na Argentina fechou o mês de fevereiro em 13,2%, abaixo dos 20,6% registrados em dezembro. Ataxa em 12 meses ficou em 276,2%, uma das mais altas do mundo.
Analistas projetavam que a taxa de inflação ficaria em 15,8%. O presidente Javier Milei já havia adiantado que a taxa mensal ficaria abaixo de 15%, mas que o número preciso seria anunciado na tarde desta terça-feira, 12. "Parece que está abaixo de 15% (ao mês), e é um numeraço", disse Milei em entrevista à Crónica TV.
Mais cedo, o Banco Central da Argentina haviareduzido de forma inesperada sua taxa básica de juros de 100% para 80%. As autoridades portenhas veem a inflação mensal arrefecendo, enquanto o peso continua a se fortalecer em relação ao dólar americano nos mercados paralelos.
Segundo a Bloomberg, apesar da inflação anual acima de 250%, o BC citou uma série de fatores para explicar o corte no final da noite de segunda-feira, incluindo a recomposição de reservas.
Combate à inflação
Esses são os primeiros resultados inflacionários do primeiro mês completo de mandato do presidente Javier Milei, que continuou a implementar partes de seu plano econômico de terapia de choque.
Desde que assumiu o cargo, em 10 de dezembro, Milei desvalorizou o peso pela metade e retirou o congelamento de preços de centenas de produtos essenciais para o lar. A expectativa é que os preços continuem subindo anualmente à medida que Milei corta os subsídios de energia e transporte e aumente os impostos sobre combustíveis .
A cidade de Buenos Aires deverá aumentar em seis vezes as tarifas do metrô até junho, de acordo com o governo municipal.
No final da semana passada, foi publicado o indicador oficial da inflação na Cidade de Buenos Aires, que antecipa o dado nacional. Ali, a alta de preços foi de 14,1% durante fevereiro — e o acumulando dos últimos 12 meses foi uma alta de 264,5%.
Segundo a imprensa argentina, essa variação mensal é uma amostra do que espera para o governo nacional. A inflação portenha refletiu uma queda de mais de sete pontos percentuais sobre o registro de janeiro (quando havia chegado a 21,7%). Ainda assim, é significativo o avanço dos preços: no primeiro bimestre de 2024, a inflação em Buenos Aires chegou a 38,9%.
Plano Milei
A redução dos subsídios estabelecidos pelo governo anterior e a forte contração da atividade econômica são os princípios fundamentais do plano econômico de Milei para controlar a inflação galopante, que ele advertiu ser o "último remédio amargo" da Argentina em seu discurso de posse.
A perda do poder aquisitivo também aumentará o estresse em um país já assolado por níveis de pobreza acima de 40%. Em dezembro, os salários registraram um aumento mensal de 8,9%, muito abaixo da inflação de 25,5% registrada naquele mês.