Argentina eleva taxa mínima de juros a 78% para conter inflação
Além de conter a inflação, objetivo da alta dos juros é combater a significativa desvalorização do peso argentino
EFE
Publicado em 19 de setembro de 2019 às 09h45.
Última atualização em 19 de setembro de 2019 às 09h46.
Buenos Aires — O Banco Central da República Argentina (BCRA) anunciou nesta quarta-feira que vai elevar a taxa mínima de juros das Letras de Liquidez (Leliq), a base da política monetária do país, de 58% para 78%, visando conter o pico inflacionário registrado em setembro.
Devido às incertezas políticas pela proximidade das eleições presidenciais, que serão realizadas em outubro, a inflação na Argentina chegou a uma taxa anual de 54,5% em agosto. Analistas financeiros preveem que o índice pode crescer mais 5% neste mês.
No comunicado em que anunciou a decisão de hoje, o Comitê de Política Monetária do BCRA (Copom) antecipou que as taxas mínimas de juros das Leliq cairão para 68% em outubro. O corte previsto, segundo a instituição, se deve às projeções favoráveis do mercado sobre a inflação no próximo mês, que deve desacelerar na comparação com agosto e setembro.
"O Copom considera que estas medidas permitirão sustentar uma taxa de juros real positiva e retomar o processo de desinflação a partir de outubro", explicou o órgão no comunicado.
Além de conter a inflação, o objetivo da alta dos juros é ajudar no refinanciamento das Letras do Tesouro e a combater a significativa desvalorização do peso, uma crise que se agravou em agosto depois da derrota de Mauricio Macri, visto como pró-mercado, nas primárias presidenciais.
O BCRA passou a utilizar a taxa da Leliq de sete dias como base da política monetária em outubro do ano passado, substituindo a referência mínima anterior, que era a faixa de juros de sete dias que a instituição praticava na relação com o sistema bancário. No entanto, no fechamento das operações de hoje, a taxa média da Leliq chegou a 83,2%.
Outra medida anunciada hoje pelo BCRA é uma alta de 2,5% na base monetária do país, medida que contraria o congelamento imposto pela instituição desde setembro do ano passado, quando a Argentina firmou um empréstimo de quase US$ 57 bilhões com o Fundo Monetário Internacional ( FMI ).
O ajuste previsto para o próximo bimestre, segundo a instituição, visa ajudar a economia a lidar da melhor maneira possível com o cenário de incerteza atual.
"Em linha com as novas projeções de demanda de dinheiro do BCRA, as novas metas contemplam um crescimento de 2,5% da base monetária mensal em setembro e outubro. No caso de setembro, a variação considera como referência a meta bimestral de julho-agosto, ficando como meta para a base monetária do corrente mês em 1,37 bilhão de pesos", disse a instituição em comunicado.
As metas monetárias do BCRA foram bastante afetadas pelos resultados das eleições primárias de 11 de agosto. Desde então, a taxa de juros média do país ficou perto dos 85%, o risco-país duplicou, ficando acima de 2 mil pontos, e o peso sofreu forte desvalorização. Antes do pleito, a moeda argentina era cotada a US$ 45. Agora, vale US$ 58.