Economia

Argentina cria barreiras para eletrodomésticos brasileiros

Ministro argentino também teria demonstrado preocupação com o volume de importação de carros do Brasil

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h01.

O ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, anunciou barreiras às exportações brasileiras. O governo tomará medidas para restringir as compras de geladeiras, máquinas de lavar roupa, fogões e aparelhos de televisão. Segundo os jornais argentinos, o governo vai aplicar um regime de licenças não automáticas para os aparelhos de linha branca. No caso dos aparelhos de TV, o país vai impor uma tarifa de importação de até 21% sobre os bens produzidos na Zona Franca de Manaus. A sobretaxa irá valer por 200 dias.

Segundo o jornal argentino La Nación, o motivo das barreiras é o "forte prejuízo que a indústria argentina sofreu nos últimos especialmente pelo ingresso massivo de geladeiras". Em razão disso, os empresários argentinos apóiam a medida anunciada na noite de ontem (5/7) pelo ministro Lavagna. Segundo eles, a importação dos eletrodomésticos brasileiros estava acima da necessidade e da demanda dos consumidores argentinos.

A barreira aos eletrodomésticos, anunciada 48 horas antes do encontro do Acordo de Chefes de Estado do Mercosul, pode vir seguida de restrições às importações de produtos agrícolas, especialmente grãos.

Veículos

A imprensa argentina noticiou que durante o anúncio das medidas, Lavagna demonstrou incômodo com a forte importação de carros brasileiros, especialmente os chamados populares, e apelou às montadoras locais para que incrementem a produção desses modelos, os mais comprados em razão dos preços acessíveis.

No Brasil, Rogelio Golfarb, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), afirmou não estar preocupado com o posicionamento argentino, ao anunciar hoje (6/7) de manhã os resultados do setor no primeiro semestre. "A preocupação do ministro Lavagna não nos surpreendeu. Como nossa relação com os argentinos é tradicionalmente superavitária, e o momento é de retomada, vejo com naturalidade esses comentários."

De janeiro a maio de 2004, a receita das vendas de veículos e autopeças do Brasil à Argentina avançou 150%, atingindo 1,019 bilhão de dólares, atrás apenas dos Estados Unidos, com 1,049 bilhão. No mesmo período, as vendas para o México somaram 688 milhões de dólares, 17,9% mais do que nos primeiros cinco meses de 2003.

Para Golfarb, esse tipo de atrito faz parte do dia-a-dia dos blocos econômicos. Além disso, afirma, o Mercosul deve dar mais atenção às possibilidades de um acordo com a União Européia. Diante do desafio europeu, de um mercado de 17 milhões de veículos por ano, as indústrias brasileira e argentina precisariam trabalhar na complementação de mercados e na transferência de tecnologia.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Acelerada pela Nvidia, Google — e agora Amazon —, startup quer inovar no crédito para PMEs

Cigarro mais caro deve pressionar inflação de 2024, informa Ministério da Fazenda

Fazenda eleva projeção de PIB de 2024 para 3,2%; expectativa para inflação também sobe, para 4,25%

Alckmin: empresas já podem solicitar à Receita Federal benefício da depreciação acelerada