Economia

Argentina avisa que pode não pagar dívida caso entre em recessão

O ministro da Economia descreveu a dívida externa do país como "insustentável e angustiante" e disse que o país quer pagá-la, mas não gerar mais pobreza

Martín Guzmán: ministro da economia participou de um fórum sobre economia inclusiva no Vaticano (Mariana Greif/Reuters)

Martín Guzmán: ministro da economia participou de um fórum sobre economia inclusiva no Vaticano (Mariana Greif/Reuters)

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EFE

Publicado em 5 de fevereiro de 2020 às 15h48.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2020 às 15h49.

Roma — O ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, disse nesta quarta-feira no Vaticano que o país deseja pagar sua dívida, mas não ao custo de entrar em uma "profunda recessão", além de chamar as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com o qual o país contraiu uma dívida de US$ 44 bilhões que tenta renegociar, como "construtiva".

Guzmán participou de um fórum sobre economia inclusiva no Vaticano, que também contou com a presença da diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, entre outros. Os dois se reuniram ontem em Roma para tratar do problema da dívida argentina.

"Estamos à procura de uma solução. O FMI é um grande credor da Argentina. Tivemos uma conversa muito construtiva com o FMI, há um aumento da compreensão mútua e espero que possamos continuar trabalhando de forma construtiva para evitar os resultados do passado", afirmou o ministro durante seu discurso no seminário.

Guzmán descreveu a dívida externa da Argentina como "insustentável e angustiante" e disse que o país quer pagá-la, mas não gerar mais pobreza.

"Deveria haver uma estrutura para a reestruturação da dívida soberana", disse ele, enquanto os países com grandes dívidas sofrem muito para pagar seus compromissos e "não podem voltar ao crescimento econômico".

O ministro afirmou que a Argentina pretende "resolver esta crise da maneira mais ordenada possível e sem entrar na austeridade".

"Decidimos alocar algumas de nossas escassas reservas para pagar os juros, mas não podemos fazer isso por muito tempo, pois acabaremos com os fundos do Banco Central do país", afirmou.

Por fim, o ministro argentino disse que "as chances de sucesso são maiores se as posições das partes interessadas forem construtivas" e que, embora já estejam realizadas conversas construtivas com o FMI, o mesmo não acontece com o Clube de Paris.

"Não está alinhado com o que queremos, precisamos de cooperação lá também", afirmou.

Momentos antes, a diretora-geral do FMI havia incentivado os países latino-americanos a alocar gastos sociais "de maneira mais eficaz para ajudar os mais vulneráveis".

Kristalina Georgieva disse que o mundo de hoje é "muito frágil", citando o surto do coronavírus e os recentes incêndios na Austrália para garantir que a cooperação internacional seja essencial para enfrentar os desafios que afetam as economias e sociedades do século XXI.

Ela defendeu que os países trabalhem juntos para promover finanças mais inclusivas, ajudar os mais vulneráveis e não apenas os mais ricos, e que visem combater a evasão fiscal, a corrupção e a lavagem de dinheiro.

"De acordo com nossos cálculos, os países fora da OCDE perdem cerca de US$ 200 bilhões por ano para empresas que transferem seus lucros para locais onde pagam impostos baixos", afirmou.

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