Economia

Argentina admite "briga de interesses" em supostos impedimentos a importações

Presidente Kirchner nega briga com o Brasil, mas defende importância de manter a indústria alimentícia local

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2010 às 14h31.

Buenos Aires - A Argentina admitiu hoje que há "uma briga de interesses" na controvérsia surgida pelos supostos impedimentos à entrada de importações de alimentos imposta pelo Governo, mas negou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha ficado "chateado" com a medida divulgada pela imprensa.

Lula, que participou na terça-feira passada em Buenos Aires das comemorações do bicentenário da Argentina, "não parecia em nenhum momento zangado", nem colocou "nenhum impedimento para o ingresso de importações" ao país, disse o ministro do Interior argentino, Florencio Randazzo, em declarações no rádio.

O Governo de Cristina Fernández de Kirchner "defende a indústria argentina", mas "de nenhuma maneira vai brigar com o Brasil", afirmou Randazzo.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio brasileiro, Welber Barral, disse nesta quarta-feira desconhecer por enquanto possíveis medidas da Argentina para restringir a importação de alimentos.

A União Europeia e o Brasil, parceiros da Argentina, Paraguai e Uruguai no Mercosul, o maior bloco comercial da América Latina, se opõem aos impedimentos à entrada de alimentos estrangeiros, segundo informou "verbalmente" o secretário argentino de Comércio, Guillermo Moreno.

Os impedimentos, conforme contou Moreno, são atribuídos ao desejo de frear a inflação e a intenção de proteger a indústria alimentícia perante uma eventual avalanche de importações de uma desvalorização do euro que favoreceria aos exportadores comunitários e desviaria para a Argentina parte do comércio do Brasil com a UE.

"Não é um tema com o qual tenhamos que nos preocupar. Essas coisas se resolvem em outros âmbitos, não na imprensa", sustentou por sua vez o chefe de gabinete argentino, Aníbal Fernández.

O chefe de ministros disse também à rádio "Del Plata" que se a presidente Cristina "deve discutir coisas de máximo nível, ela o fará com o presidente Lula".

Cristina viaja hoje ao Brasil para participar do 3º Fórum da Aliança de Civilizações, mas não está em sua agenda oficial uma reunião bilateral com Lula.

O titular da Câmara de Comércio Argentino-Brasileiro, Jorge Rodríguez Aparicio, disse hoje que a entidade não foi informada de "nenhuma norma que esteja complicando as coisas. São comentários verbais do secretário de Comércio".

Mas considerou que "esses comentários tiveram já repercussão porque ninguém vai comprar produtos se depois na alfândega a sua entrada será proibida", sustentou ao site do jornal "Clarín".

Oito caminhões brasileiros carregados com alimentos foram retidos dias atrás na fronteira argentina, mas segundo Barral isso não pode ser interpretado como uma restrição aos produtos do Brasil, já que diariamente passam pela fronteira cerca de 500 caminhões.

O ministro de Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim, já tinha manifestado na semana passada sua preocupação com uma possível medida restritiva.

Acompanhe tudo sobre:AlimentosAmérica LatinaArgentinaComércio exteriorDados de BrasilImportaçõesTrigo

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor