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Araújo vai aos EUA: acordo comercial é mesmo uma boa ideia?

Visita do ministro das Relações Exteriores reforça agenda brasileira alinhada aos Estados Unidos. O risco é deixar outros parceiros de lado

ARAÚJO E POMPEO: ponto alto da visita do ministro brasileiro aos EUA será encontro com secretário de Estado americano (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2019 às 06h15.

Última atualização em 11 de setembro de 2019 às 17h37.

São Paulo — O Brasil realiza mais uma rodada de esforços para se aproximar dos Estados Unidos . Em viagem ao país, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, tem agenda a partir desta quarta-feira (11) com autoridades americanas, com quem deve discutir sobretudo a possibilidade de algum tipo de acordo bilateral entre os países.

O tema tornou-se mais concreto desde julho, quando o presidente americano, Donald Trump, disse que iria trabalhar pelo acordo. Semanas depois, o secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, se encontrou no Brasil com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

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A expectativa é fazer um acordo menor e que não inclua redução de impostos, mas com tópicos como diminuição da burocracia, de modo que a pauta possa avançar sem aval do Mercosul, bloco sul-americano.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, respondendo por 12% das exportações, atrás da China, que tem 28%. Em 2018, o Brasil exportou 28,7 bilhões de dólares para os americanos e comprou 29 bilhões, com déficit de 271 milhões de dólares.

A agenda de Araújo nesta tarde inclui uma palestra na Heritage Foundation, instituto de pesquisa conservador dos EUA, segundo apurou o jornal O Globo.

Na quinta-feira 12, o brasileiro terá encontros com assessores de Trump, congressistas e representantes do governo na área de comércio.

O auge da visita será na sexta-feira 13, quando Araújo encontra o secretário de Estado americano, Mike Pompeo.

Estava também previsto um encontro com John Bolton, assessor de segurança nacional, mas o encontro caiu depois que Trump demitiu o subordinado na terça-feira 10.

Além de um acordo comercial, Araújo pode discutir temas ambientais, incluindo um plano alternativo ao Acordo de Paris, pacto ambiental firmado em 2015 do qual Trump se retirou (e do qual Bolsonaro também ameaçou retirar o Brasil, voltando atrás após pressão europeia).

O risco é deixar outros parceiros de lado — como Mercosul, União Europeia e China.

Em participação no EXAME Fórum 2019, o presidente do Magazine Luiza, Frederico Trajano, afirmou que a China tem sido “a grande protagonista mundial”, que está “anos-luz” à frente dos Estados Unidos.

A seu lado, o presidente do conselho de administração do frigorífico BRF, Pedro Parente, comentou sobre a China ser o grande triunfo dos frigoríficos brasileiros, após a gripe suína africana aumentar a demanda por carne (a BRF teve nesta semana outras duas de suas plantas aceitas pela China para exportar ao país).

Os negócios chineses com o Brasil tendem a se intensificar em meio à guerra comercial com Washington. Neste contexto, ser um soldado fiel dos Estados Unidos é uma decisão geopolítica arriscada.

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