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Após elevar IPI de carros importados, Dilma critica protecionismo na ONU

Em discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, Dilma Rousseff também combateu a guerra cambial

Dilma, na ONU, enalteceu a situação fiscal do Brasil, mas ocultou o déficit nominal (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2011 às 15h29.

São Paulo – Em seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU – o primeiro feito por uma mulher –, a presidente Dilma Rousseff criticou o protecionismo comercial adotado por alguns países que tentam proteger os seus mercados.

“O protecionismo e todas as formas de manipulação comercial devem ser combatidos”, disse Dilma a uma plateia de 192 chefes de Estado.

O irônico é que, há apenas seis dias, o governo brasileiro elevou em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos importados ou que não atendam a novos requisitos de conteúdo nacional.

A decisão, que deve gerar questionamentos de outros países na Organização Mundial do Comércio (OMC), vai de encontro ao que a presidente Dilma Rousseff defendeu na ONU.

A guerra cambial também foi abordada no discurso. Sem citar nomes, Dilma mandou recado direto aos Estados Unidos e à China. “É preciso impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias extremamente expansionistas (é o caso dos Estados Unidos) e como pelo artifício do câmbio fixo (é o caso da China).”

Dilma defendeu ainda a regulamentação "urgente" do sistema financeiro mundial que é “uma fonte inesgotável de instabilidades”.


A presidente reivindicou uma maior participação dos países emergentes nos principais órgãos políticos e econômicos, e disse que o Brasil “quer e pode ajudar” no combate à crise. “A crise é séria demais para ser administrada por poucos países.”

No discurso, Dilma afirmou que a crise é alimentada por “falta de recursos políticos e algumas vezes, de clareza de ideias”.

“É preciso encontrar o equilíbrio entre ajustes fiscais apropriados e os estímulos fiscais corretos e precisos para a demanda e o crescimento. (...) O Brasil está fazendo a sua parte com um rigoroso controle dos gastos, gerando vultoso superávit fiscal, sem que isso atrapalhe investimentos e o crescimento da economia.”

Nesse ponto, Dilma Rousseff disse uma meia verdade. O Brasil, de fato, tem superávit primário, mas quando se incluem os gastos com juros, o país registra o chamado déficit nominal. É esse indicador fiscal que o mundo acompanha – já o conceito de resultado primário é uma invenção brasileira que serve apenas para mostrar o tamanho do esforço fiscal do governo, ignorando que há enormes gastos com juros.

Dilma, que disse se sentir hoje "representando todas as mulheres do mundo", foi aplaudida várias vezes durante o seu discurso, principalmente quando defendeu a entrada da Palestina na ONU.

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São Paulo – Em seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU – o primeiro feito por uma mulher –, a presidente Dilma Rousseff criticou o protecionismo comercial adotado por alguns países que tentam proteger os seus mercados.

“O protecionismo e todas as formas de manipulação comercial devem ser combatidos”, disse Dilma a uma plateia de 192 chefes de Estado.

O irônico é que, há apenas seis dias, o governo brasileiro elevou em 30 pontos percentuais o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos importados ou que não atendam a novos requisitos de conteúdo nacional.

A decisão, que deve gerar questionamentos de outros países na Organização Mundial do Comércio (OMC), vai de encontro ao que a presidente Dilma Rousseff defendeu na ONU.

A guerra cambial também foi abordada no discurso. Sem citar nomes, Dilma mandou recado direto aos Estados Unidos e à China. “É preciso impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias extremamente expansionistas (é o caso dos Estados Unidos) e como pelo artifício do câmbio fixo (é o caso da China).”

Dilma defendeu ainda a regulamentação "urgente" do sistema financeiro mundial que é “uma fonte inesgotável de instabilidades”.


A presidente reivindicou uma maior participação dos países emergentes nos principais órgãos políticos e econômicos, e disse que o Brasil “quer e pode ajudar” no combate à crise. “A crise é séria demais para ser administrada por poucos países.”

No discurso, Dilma afirmou que a crise é alimentada por “falta de recursos políticos e algumas vezes, de clareza de ideias”.

“É preciso encontrar o equilíbrio entre ajustes fiscais apropriados e os estímulos fiscais corretos e precisos para a demanda e o crescimento. (...) O Brasil está fazendo a sua parte com um rigoroso controle dos gastos, gerando vultoso superávit fiscal, sem que isso atrapalhe investimentos e o crescimento da economia.”

Nesse ponto, Dilma Rousseff disse uma meia verdade. O Brasil, de fato, tem superávit primário, mas quando se incluem os gastos com juros, o país registra o chamado déficit nominal. É esse indicador fiscal que o mundo acompanha – já o conceito de resultado primário é uma invenção brasileira que serve apenas para mostrar o tamanho do esforço fiscal do governo, ignorando que há enormes gastos com juros.

Dilma, que disse se sentir hoje "representando todas as mulheres do mundo", foi aplaudida várias vezes durante o seu discurso, principalmente quando defendeu a entrada da Palestina na ONU.

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