Economia

Apesar de queda em agosto, comércio dá um banho na indústria durante a crise

Há um descolamento entre os setores desde a quebra do Lehman Brothers, em 2008

Shopping lotado: dólar barato impulsiona as vendas de produtos importados (Wikimedia Commons)

Shopping lotado: dólar barato impulsiona as vendas de produtos importados (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2011 às 15h50.

São Paulo – A queda de 0,4% nas vendas do comércio em agosto está longe de ser um problema grave no setor. Embora a tendência do varejo não seja mais de crescer num ritmo chinês (no ano passado, a expansão foi de 10,9%), o setor tem uma situação confortável principalmente se comparada com a da indústria.

A pedido de EXAME.com, o analista da Tendências Consultoria Rafael Bacciotti fez um levantamento com base nos dados divulgados pelo IBGE no período de setembro de 2008 a agosto de 2011. Na média, o setor industrial está estagnado (queda de 0,94%) desde a quebra do Lehman Brothers, enquanto o comércio acumula alta de 22,1% nesses 36 meses.

As curvas do gráfico abaixo mostram claramente que o comércio não teve nenhum ano de retração desde o início das turbulências internacionais. Mesmo em 2009, quando o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 0,6%, o varejo teve crescimento de 5,9%.

Já o setor produtivo desceu a ladeira em 2009, com retração de 7,4% e, embora tenha crescido 10,5% no ano passado, ainda não conseguiu superar o patamar pré-crise.

(Reprodução/Tendências Consultoria)


Desempenho em 2011 e 2012

Neste ano, há novamente um claro descolamento entre comércio e indústria. O varejo segue sendo impulsionado pela expansão da renda, pelo baixo desemprego e pela oferta ampla e “barata” de crédito. As fábricas nacionais, no entanto, não conseguem surfar essa onda por causa da concorrência com os importados.

O dólar barato é apontado pelos empresários como um dos principais responsáveis por esse quadro. Além de atrapalhar as exportações, incentiva a entrada de produtos fabricados no exterior. Para os comerciantes, o câmbio valorizado é um aliado, pois derruba o preço dos produtos nas lojas, aumentando as vendas.

Para o ano que vem, as perspectivas dos analistas são de uma maior convergência entre esses setores, embora o comércio deva permanecer na liderança.

Período Indústria Comércio
Fonte: IBGE
2008 3,1% 9,1%
2009 -7,4% 5,9%
2010 10,5% 10,9%
2011 (até agosto) 1,4% 7,2%
2012 (previsão do mercado) 4,3% 6%
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